Vídeo do gabinete paralelo complica Pazuello e Nise Yamagushi

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Foto: Agência Brasil e Reprodução / Instagram

Após vídeos divulgados hoje, no qual mostram médicos e políticos orientando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à vacina contra covid-19, o colunista do UOL Kennedy Alencar disse que as imagens possuem “materialidade jurídica” e provam a existência do chamado “gabinete paralelo”. Para Kennedy, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e a médica oncologista mentiram em seus depoimentos à CPI da Covid.

“Surpresa zero. O vídeo é a prova da existência do gabinete paralelo. A CPI não precisa mais investigar se tem o gabinete paralelo. O vídeo é a prova. Aquela é uma reunião do gabinete paralelo. Tem materialidade jurídica, digamos assim. E fica provado então que mentiram na CPI a Nise, o Eduardo Pazuello, o Fabio Wajngarten, que disseram que não tinha gabinete paralelo nenhum. A prova está aí”, disse Kennedy, durante participação no UOL News, programa diário transmitido pelo UOL.

“Hoje, a gente entende que o presidente Jair Bolsonaro intencionalmente foi orientado por um grupo de técnicos que nesse encontro dão mau exemplo, num ‘covidário’. Todo mundo sem máscara e sentados perto um do outro e negando a ciência. Então, Bolsonaro preferiu se aliar aos negacionistas para tomar as decisões que tomou. É por isso hoje estamos comprando vacinas a conta-gotas. A tragédia se agravou por culpa do presidente Bolsonaro”, concluiu.

 

Nas imagens da reunião, ocorrida no dia 8 de setembro, aparecem a médica Nise Yamaguchi, o ex-ministro Osmar Terra e o virologista Paulo Zanoto, entre outros participantes. Naquela ocasião, a farmacêutica Pfizer já havia enviado emails ao Ministério da Saúde com oferta de vacinas, porém não obteve resposta.

Durante a reunião, Bolsonaro também fala sobre a hidroxicloroquina e defende o uso do medicamento, dizendo que um “amigo” diz não haver riscos. Osmar Terra endossa o presidente apontando para uma das pessoas no encontro, dizendo se tratar de um “especialista em arritmia cardíaca” que é “o primeiro a dizer que não tem problema usar a hidroxicloroquina”.

O UOL procurou a presidência, mas não obteve retorno até o momento. Quando o posicionamento for enviado, ele será acrescentado à nota.

Tanto o Código Penal quanto a legislação que regula as CPIs estabelecem que é crime “fazer afirmação falsa” como testemunha, conforme registrou reportagem da BBC Brasil.

Portanto, caso algum depoente faça uma afirmação falsa em uma CPI, isso pode configurar crime.

A Constituição Federal e o Código de Processo Penal preveem a possibilidade de prisão em flagrante. “É a prisão por qualquer cidadão. Qualquer pessoa pode dar voz de prisão em flagrante a alguém que esteja praticando um crime”, explica o professor da FGV Direito Rio Wallace Corbo.

Uol