Auxiliar de Guedes negou pandemia sem ouvir especialistas
Foto: Agência O Globo
Em resposta à CPI da Covid, o secretário Adolfo Sachsida, que compõe a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), admitiu que defendeu a tese da imunidade de rebanho no ano passado sem consultar o Ministério da Saúde. Ele também mostrou que se baseou em estudos sem revisão independente para justificar o seu posicionamento. No mesmo período, em novembro do ano passado, Sachsida e Guedes descartavam a possibilidade da segunda onda do novo coronavírus.
Na justificativa ao colegiado, Sachsida alegou que “limiares de imunidade coletiva revisados” contribuíram para que ele acreditasse que o Brasil tinha “chances baixíssimas” de uma nova onda de contaminações, conforme disse em entrevista à Folha de S. Paulo. Dois meses depois, em janeiro, quando o país entrou na pior fase da pandemia, o secretário pediu desculpas publicamente por ter se pronunciado sobre um assunto fora da sua área.
No documento enviado à comissão, Sachsida cita dois estudos não revisados, um da Universidade de São Paulo e outro da Universidade Federal de Pelotas, que, segundo ele, “apontavam para a desaceleração da epidemia no Brasil, com base na análise da presença elevada de anticorpos na população em função de taxas de infecção altas e possivelmente pela presença de imunidade pré-existente (imunidade “natural” ou cruzada)”.
Diante da solicitação da CPI para apresentar as comunicações e documentos recebidos pela pasta responsável, Sachsida respondeu que “NÃO houve qualquer comunicação e/ou troca de documentos do Ministério da Saúde (MS) com a SPE (Secretaria de Política Econômica)”.
Sachsida alega, ainda que, considerava que o Brasil apresentaria queda nos casos a partir de novembro por considerar que havia “indicação de que a segunda onda estaria fortemente associada ao inverno rigoroso do hemisfério norte”, o que não se comprovou. Apesar de especialistas já fazerem a previsão de uma nova onda, ele também disse que “não se tinham evidências consolidadas de reinfecções e novas cepas”.
Conforme mostrou o GLOBO, o posicionamento de Sachsida e de outros membros da equipe econômica influenciaram nas decisões da pasta. Em outro ofício enviado à CPI, o Ministério da Economia informou que não alocou recursos para o combate à Covid-19 no orçamento de 2021 porque subestimou o impacto da doença neste ano, não tendo vislumbrado a continuidade ou o crescimento da pandemia no patamar atingido. Assim, optou por continuar utilizando créditos extraordinários, destinados a gastos imprevisíveis.
No ano passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, por mais de uma vez minimizou a possibilidade de uma segunda onda. Foi o que ocorreu, por exemplo, em novembro de 2020, apesar de já haver tendência de crescimento de casos e mortes de Covid-19.
— A doença desceu, é um fato. Alguns dizem agora “não, mas está voltando, (está havendo) segunda onda”. Espera aí. Nós tínhamos 1.300 mortes por dia, 1.200, 1.000, 900, 700, 500, 300… E agora parece que está havendo um repique. Mas vamos observar. São ciclos — disse Guedes em novembro.
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