
Aziz diz que Bolsonaro deve se explicar ao povo
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou à CNN nesta quinta-feira (8) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deveria responder aos questionamentos feitos pela cúpula da CPI para atender o interesse do povo brasileiro, não dos senadores.
Nesta quinta-feira (8), a CPI da Pandemia enviou uma carta para Bolsonaro pedindo esclarecimentos sobre os fatos apresentados na audiência do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que acusa o presidente de ter se omitido ao saber das tentativas de aprovar um contrato com suspeitas de fraudes no caso da compra da Covaxin.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro disse que não vai responder à carta da cúpula da CPI da Pandemia.
“Se ele não quer responder à CPI, então eu vou sugerir ao presidente: responda ao povo brasileiro. Aqui, eu vou falar em nome de muitos brasileiros, com certeza. Presidente, o Luis Miranda levou para você uma denúncia e o senhor disse que quem estava por trás disse era seu líder na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), só isso”, resumiu Omar Aziz.
“Agora, tudo bem, o senhor pode fazer qualquer coisa, jogar qualquer dejeto dentro da CPI, mas não faça isso com o povo brasileiro, responda o povo brasileiro, presidente”, pediu o senador.
A fala de Aziz foi em referência aos termos utilizados pelo presidente da República ao anunciar que não vai responder à carta:
“Hoje, não sei se foi o Renan [Calheiros], Omar [Aziz] ou o saltitante – fizeram uma festa lá embaixo, na Presidência, entregando um documento para eu responder pergunta à CPI. Sabe qual a minha resposta? Caguei! Caguei para a CPI. Não vou responder nada”, afirmou o presidente, ao lado do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. “Saltitante” é a maneira pejorativa com a qual Bolsonaro se refere ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Pandemia.
Omar Aziz também disse que Bolsonaro deveria responder aos questionamentos da CPI para tirar de Ricardo Barros as suspeições levantadas por Luis Miranda.
Em publicação no Twitter nesta quinta-feira, Barros disse que a CPI não quer “esclarecer nada” por ter adiado seu depoimento aos senadores, bem como o de Francisco Maximiano, sócio-diretor da Precisa Medicamentos, que intermediou as negociações entre o governo brasileiro e a Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin.
“Querem manter a falsa narrativa de que há irregularidade. É uma fake news”, afirmou o líder do governo.
Carta a Bolsonaro.
Não há “terrível suspeição”. Basta a CPI ouvir a mim e a Precisa. Todos os já ouvidos na CPI me isentaram. Adiaram o meu depoimento e o de Maximiano. Logo não querem esclarecer nada . Querem manter a falsa narrativa de que há irregularidade. É uma fake news— Ricardo Barros (@RicardoBarrosPP) July 8, 2021
Para o presidente da CPI, a cobrança de Barros deveria ter como alvo o presidente Jair Bolsonaro, e não a CPI. “Ele tem que dizer ‘Bolsonaro, eu sou teu líder, você disse para aquele deputadozinho – bota um adjetivo – que eu era o cara que estava por detrás disso?'”, disse Aziz.
“Ele tem que pedir explicações ao presidente. E hoje, fazendo um favor ao deputado Ricardo Barros, enviamos uma carta ao presidente para ver se ele confirmava ou não”, ironizou o senador. Na sequência, Aziz voltou a se dirigir a Bolsonaro: “Como o senhor não vai responder a carta, pelo menos ajude seu líder. Está ficando feio para ele”.
Até o momento, Bolsonaro não desmentiu as afirmações de Luis Miranda de que teria citado Barros como responsável por “um rolo” na compra das vacinas Covaxin. À imprensa, Miranda insinua que tem como provar a fala do presidente, mas não explica de que maneira.
Na sessão desta quinta-feira da CPI da Pandemia, Aziz mandou um recado ao presidente Jair Bolsonaro, que acusou o senador de participar de um esquema de desvio de dinheiro da Saúde no Amazonas em 2016, dois anos depois de Aziz ter deixado o governo do estado, que chefiou entre 2010 e 2014.
Na ocasião, Aziz foi alvo de uma operação do Ministério Público Federal, chamada “Maus Caminhos”. No entanto, ele não foi denunciado e não se tornou réu.
“Como de costume [o presidente], passou 50 minutos no cercadinho que ele usa para assacar a honra dos outros. Ele, de forma vil, me coloca como se tivesse desviado. Não sei onde ele ouviu isso. Como ele se informa com compadres e coisas pequenas, a gente releva. Presidente, eu lhe desafio a procurar um processo em que eu seja réu ou denunciado. Você já mandou seus agentes de informação vasculharem minha vida toda, eu não tenho dúvida disso,” disse o presidente da CPI.
A apoiadores, Bolsonaro disse que seu governo não faria “uma sacanagem” de se envolver em um esquema de corrupção relacionado ao contrato de compra de vacinas Covaxin, contra a Covid-19, pois o contrato é analisado pela Controladoria-Geral da União e pelo Tribunal de Contas da União.
“Como você vai fazer uma sacanagem dessa? Só na cabeça de um cara que desvia do seu estado R$ 260 milhões, como o Omar Aziz desviou, que pode falar isso aí”, disse Bolsonaro.
À CNN, Omar Aziz respondeu às acusações do presidente usando o “cercadinho” onde ficam os apoiadores de Bolsonaro, na entrada do Palácio da Alvorada, como metáfora para a ditadura militar.
“Não adiante o presidente, no cercadinho, me assacar, ir contra minha honra. O Brasil não voltará a debater o Brasil dentro do cercadinho. O Brasil debaterá o Brasil nas ruas, na CPI, no Congresso, nas esquinas, mas nunca mais voltará para o cercadinho”, disse Aziz.
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