Ciro Nogueira já chamou Bolsonaro de fascista
Foto: Nelson Antoine/AP
O presidente Jair Bolsonaro minimizou, hoje, o fato de o senador Ciro Nogueira (PP-PI) tê-lo chamado de “fascista”, durante uma entrevista em 2017, além de ter feito elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesta semana, Bolsonaro convidou o senador para assumir o ministério da Casa Civil, um dos mais importantes da Esplanada.
“As coisas mudam”, disse Bolsonaro durante sua live semanal nas redes sociais. O presidente relatou que terá uma nova conversa com Ciro Nogueira na segunda-feira, antes de confirmá-lo no cargo. Líder do Centrão, o senador foi chamado para, nas palavras de Bolsonaro, melhorar o diálogo entre o governo e Congresso.
“O Ciro logicamente vai nos ajudar [na articulação com o Parlamento], ele me chamou de fascista lá atrás, mas as coisas mudam”, argumentou. “E quem está no Nordeste, se não fosse do Lula no passado, não tinha sucesso na política”, disse.
Quando Ciro Nogueira fez os comentário, no fim de 2017, nem Lula e nem Dilma Rouseff estavam mais no poder.
Ele ainda voltou a falar de eleições 2022 e urnas eletrônicas.
“Quando vejo algumas autoridades tuitarem que isso é uma questão política, que certas pessoas não devem se meter nisso, quero dizer a vocês que isso é uma questão de segurança nacional. Eleições é uma questão de segurança nacional. Nós temos que ter certeza que quem for ganhar nas urnas, esta foi realmente a intenção do eleitor”, afirmou ele.
Bolsonaro não quis responder ao questionamento de uma jornalista que participou da transmissão sobre o recado que o ministro da Defesa, general Braga Netto teria enviado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ameaçando o pleito de 2022.
Bolsonaro se limitou a dizer que a explicação estava na nota divulgada mais cedo pela Defesa. No texto, Braga Netto negou contato por meio de interlocutores, disse que a reportagem tratava-se de uma “desinformação” e reiterou a opinião da pasta sobre a necessidade de o voto impresso ser discutido. Bolsonaro, que desde o ano passado fala sobre supostas fraudes em eleições sem nunca ter apresentado provas, voltou a dizer hoje que houve irregularidades nos pleitos de 2014 e 2018, e prometeu apresentar indícios sobre isso na próxima semana.
Nunca houve qualquer evidência de fraude nas urnas eletrônicas desde que elas foram implementadas, em 1996. Bolsonaro, inclusive, e todos os seus filhos, foram repetidamente eleitos por esse sistema, e nunca acusaram fraude.
Em 2014, o PSDB pediu uma auditoria nas urnas após Aécio Neves ser derrotado por Dilma Rousseff. A perícia não encontrou qualquer evidência de irregularidade ou fraude. Recentemente, o PSDB voltou a admitir que perdeu as eleições de forma limpa.
Diferentemente do que Bolsonaro vem dizendo, as urnas eletrônicas são auditáveis e não são alvo de hackers porque não estão em rede.
“Eu quero eleições limpas e transparentes, vamos supor que eu dispute eleições, a esquerda pode dizer que houve fraudes, e vai ter problemas, a esquerda vai na rua, vai fazer quebra-quebra, a gente quer evitar isso aí e nos antecipar a problemas”, alegou ele, com argumento de que o voto impresso é um demanda de grande parte da população.
Na verdade, as pesquisas mais recentes indicam que a maioria da população é a favor do voto eletrônico.
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