
Evangélicos pressionam Senado a aprovar André Mendonça
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Lideranças evangélicas que endossaram a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) procuram convencer senadores a apoiá-lo, acenando com alianças nas eleições. Mendonça, presbiteriano e atual advogado-geral da União, foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro como “terrivelmente evangélico”, mas ainda enfrenta resistências no Senado, responsável por dar aval à nomeação. Representantes de igrejas têm sugerido, em retaliação, a possibilidade de retirada de apoios e de fazer campanha contra parlamentares em 2022.
Embora nem sempre tenha tido a preferência de pastores e membros da bancada evangélica, Mendonça passou a ser defendido diante do aval de Bolsonaro, que o indicou ontem à vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Um dos focos de objeção no Senado vem do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), responsável por pautar a sabatina. O senador tem evitado reunir-se com Mendonça, que precisa de maioria absoluta na CCJ, composta por 27 membros, e depois no plenário, com 81 senadores. A votação é secreta.
Para o pastor Silas Malafaia, aliado do Planalto e líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, há um “jogo político normal” em torno da indicação, mas senadores como Alcolumbre e Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid e hoje rival de Bolsonaro, terão “juízo” ao avaliá-lo. Na última semana, Mendonça falou com Aziz ao telefone e disse esperar que o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), ligado à Assembleia de Deus de Belém, o convencesse a apoiá-lo.
— Alcolumbre é sensato, vai lembrar que eu o ajudei na última eleição e que 40% do seu estado é evangélico. Qualquer postura que não esteja nos trâmites corretos será lembrada por mim no ano que vem, da mesma forma que, com uma atitude leal, vou elogiar — disse Malafaia. — Aziz terá coerência. Há mais de 1 milhão de membros da Assembleia de Deus na região dele. Briga por CPI é uma coisa, votação do Mendonça é outra.
Líder da igreja Sara Nossa Terra, o bispo Robson Rodovalho disse não ver motivo para resistências a Mendonça.
— Os evangélicos são um segmento muito parceiro, vários senadores foram eleitos com este voto. Vamos trabalhar para consolidar este nome o mais rápido possível.
Procurado, Alcolumbre não se manifestou. Nos bastidores, ele mostrava preferência pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, ou pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira. Segundo a colunista Malu Gaspar, Mendonça agrada a nomes do STF mais críticos a Bolsonaro, como o presidente da Corte, Luiz Fux, e os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que o consideram menos simpático ao Centrão do que outros postulantes, como Aras e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.
Pelo regimento interno, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), encaminhar a indicação, a CCJ tem 20 dias para apresentar seu parecer. Não há prazo para Pacheco fazer este encaminhamento.
Ontem, nas redes sociais, Mendonça agradeceu a Deus, a Bolsonaro e a “líderes evangélicos, parlamentares, amigos” pela indicação. Ele disse ter compromisso “com a Constituição e o Estado Democrático de Direito” e que vai procurar todos os senadores.
“Questão de diálogo”
O presidente da bancada evangélica, Cezinha de Madureira (PSD-SP), minimizou resistências no Senado e disse que Alcolumbre não recebeu Mendonça por estar “ocupado em viagens ao seu estado, já que em 2022 tem eleição”. Cezinha disse que conta com apoio a Mendonça dos 14 senadores integrantes da bancada, inclusive oposicionistas, como Eliziane Gama (Cidadania-MA). A senadora disse que tende a votar em Mendonça “por seu currículo e formação técnica, apesar da péssima credencial de estar neste governo”, mas que não trabalhará por mais apoios.
Outro nome que ainda não manifestou apoio a Mendonça, é Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), próximo a Martins, que é adventista.
— A construção no Senado é mais uma questão de diálogo do que de manifestações públicas, e isto é o que André está tendo com o Flávio e todos os outros — disse Cezinha.
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