Ministério da Saúde colocou ofensas no cadastro de Boulos no SUS
Foto: Reprodução
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), afirma ter tido seu cadastro no SUS alterado com ofensas e xingamentos a membros de sua família.
Boulos, que também é colunista da Folha, diz ter tomado conhecimento do problema na segunda-feira (19). A alteração ocorreu no sistema de registro de dados para o Cartão Nacional da Saúde, que reúne informações de usuários do SUS. Segundo sua equipe, a mudança foi descoberta após busca de dados sobre a vacinação.
“Descobri que meus dados cadastrais no Sistema Único de Saúde (SUS) foram alterados ilegalmente. Além de não registrarem a primeira dose da vacina contra a Covid-19, recebida há uma semana, dados como o nome dos meus pais foram alterados por ofensas e xingamentos grosseiros”, disse em nota. “É lamentável que nem mesmo o SUS esteja a salvo do gabinete do ódio”, completa.
Entre as mudanças, foram incluídas fotos de Boulos em uma barricada pegando fogo, e registros de sua família passaram a ter nomes como “Kid Bengala”.
Em nota, o Ministério da Saúde diz que “verificou uma alteração na base do CNS realizada por uma pessoa credenciada para utilizar o sistema de cadastro de dados” e que pediu o bloqueio “da credencial usada nestas ações”.
Segundo o ministério, o acesso ao sistema “está disponível para os profissionais de estabelecimentos de saúde de todo o Brasil, que devem estar devidamente cadastrados e vinculados ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do estabelecimento de atuação, seja público ou privado”. “Cabe ressaltar que é necessário ter o perfil de operador do sistema para efetuar edição nos registros”, afirmou.
Questionada sobre a origem das mudanças, a pasta informou na noite desta terça (20) que a alteração foi feita por um perfil vinculado a um serviço municipal. Disse ainda ter comunicado a Polícia Federal sobre o caso.
Sobre a ausência de informações no sistema sobre a aplicação da primeira dose da vacina, o ministério disse que os dados dependem do registro por estados e municípios. “Caso não esteja disponível após dez dias da imunização, o ministério orienta que o cidadão procure a unidade de saúde.”
Após o caso de Boulos, a ex-candidata à prefeitura de Porto Alegre em 2020 e a vice na chapa de Fernando Haddad nas eleições presidenciais de 2018 Manuela D’Ávila (PC do B) afirmou nesta terça (20) por meio das redes sociais que também teve o cadastro do SUS alterado —no caso dela, com um falso registro de óbito.
No dia em que fui me vacinar contra covid-19, fiquei algumas horas na fila emocionada. Quando foram preencher meu cadastro não encontraram meus dados. Imaginei que podia ser algo relacionado à legislação sobre figuras politicamente expostas.
— Manuela (@ManuelaDavila) July 20, 2021
Ela relata ter ficado sabendo do mudança após equipes de saúde terem tido dificuldade para encontrar seus dados ao receber a vacina contra a Covid.
“No dia em que fui me vacinar contra Covid-19, fiquei algumas horas na fila emocionada. Quando foram preencher meu cadastro não encontraram meus dados. Imaginei que podia ser algo relacionado à legislação sobre figuras politicamente expostas”, escreveu no Twitter.
“Fizeram registro manual e disseram que ia demorar mais tempo para constar no Conectasus. Depois me lembrei do ataque hacker em que haviam mudado meu nome e de meu pai. Pois bem, aí está: eles me mataram depois do 1o turno da eleição de 2018.”
D’Ávila então compartilhou uma foto do sistema, no qual aparecem seus dados e um registro de morte em 14 de outubro de 2018. Ela diz que irá recorrer à Justiça para que o cadastro seja corrigido.
“Além disso, espero que seja responsabilizada a pessoa que praticou o crime de adulteração. Para tanto, estamos estudando medidas cabíveis”, disse.
Questionado sobre o caso, o Ministério da Saúde confirmou ter identificado a alteração, a qual teria sido feita por uma pessoa credenciada também a um serviço de saúde municipal —segundo a pasta, seriam pessoas diferentes que fizeram as mudanças. Diz ainda ter avisado a Polícia Federal.
As mudanças no cadastro de Boulos e de D’Ávila foram identificadas poucos dias após alterações terem sido observadas no cadastro da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, profissionais de saúde avisaram que o cadastro de Gleisi no SUS tinha sofrido uma baixa por óbito depois que ela recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid.
Os documentos foram checados e eram, de fato, de Gleisi, que está viva. No sistema, ela também recebeu o apelido de “Bolsonaro” após o nome completo. A suspeita é de que o cadastro tenha sido alterado após ataques de hackers ao sistema.
Em um desses ataques, revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo, houve a inclusão de nomes ofensivos nos cadastros de outras figuras políticas.
A ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo, recebeu o xingamento “motherfucker” no campo de seu nome, além de “Vai Bolsonaro”. Já o ex-presidente Lula, como “Luis Inacio Pingaiada da Silva”.
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