Nova cloroquina de Bolsonaro faz sucesso entre seguidores
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Na busca por algum elixir milagroso contra a Covid-19, Jair Bolsonaro tem voltado agora sua atenção para a proxalutamida, tratada por ele como uma espécie de “nova cloroquina”. No dia 18 de julho, por exemplo, após receber alta na sua recente internação hospitalar em São Paulo, o presidente declarou que a proxalutamida “é uma droga que está sendo estudada e que em alguns países têm apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente. Vou ver se a gente faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei nenhuma”.
Droga experimental contra o câncer de próstata (portanto, ainda não comercializada), a proxalutamida é de origem chinesa e atua bloqueando no organismo os hormônios masculinos, como a testosterona. Um estudo recente testou o medicamento em pacientes de Covid-19, chegando à conclusão que seu uso reduziu em 91% a taxa de hospitalização em pacientes, na comparação com tratamentos convencionais. A pesquisa, no entanto, foi rejeitada por publicações importantes como o The New England Journal of Medicine e The Lancet.
A exemplo do que ocorreu com a cloroquina, Bolsonaro não parece se importar com o fato de não ser um tratamento com eficácia reconhecida. Graças às suas declarações e às de políticos de sua base, a nova droga ganhou destaque na internet. Desde julho de 2020 foram registrada 28 000 menções no Twitter à proxalutamida, sendo que 8.092 postagens sobre o medicamento foram feitas somente nos últimos três dias, segundo dados da Bite, agência de análise do meio digital. O Google registrou também um expressivo aumento de buscas pela droga no mesmo período.
No caso do Twitter, as postagens com maior repercussão vieram da base ideológica do presidente. Elas foram feitos pelas deputadas bolsonaristas Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) em março. O assunto foi o uso da proxalutamida para tratar a Covid-19.
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