Pedido de CPI da rachadinha é protocolado no Senado
Foto: Reprodução/ Internet
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou ontem requerimento para solicitar a criação da CPI da “Rachadinha”. O objetivo é investigar um suposto envolvimento direto do presidente Jair Bolsonaro em um esquema ilegal de entrega de salários de assessores na época em que ele era deputado federal. Para que a comissão parlamentar de inquérito saia do papel, é necessário o apoio de pelo menos 27 senadores.
Ao Valor, Vieira disse que pretende aproveitar a semana de esforço concentrado – em que serão analisadas indicações de autoridades pelo governo – para conseguir o número de assinaturas necessárias para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), determine a instalação do colegiado.
A iniciativa do senador é uma reação às gravações publicadas pelo site UOL, nas quais a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, afirma que o presidente demitiu André Siqueira Valle, seu irmão, porque ele se recusou a devolver a maior parte do salário como assessor. Ao UOL, o advogado Frederick Wassef, falando como representante legal do presidente, afirma que os fatos narrados por Andrea seriam “narrativas de fatos inverídicos, inexistentes”.
As informações do portal apontam para o envolvimento direto do presidente no esquema, que teria ocorrido em seus mandatos como deputado federal entre 1991 e 2018. O primogênito do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) já é investigado por acusação análoga quando era deputado estadual.
No requerimento, o senador do Cidadania atribuiu a Bolsonaro o que chamou de “potencial conduta criminosa” e destacou que a suposta prática de rachadinha configura “peculato, concussão ou corrupção passiva, havendo discussão doutrinária sobre a tipificação mais adequada, podendo inclusive configurar-se organização criminosa”.
Paralelamente, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), defendeu que o colegiado aprove a convocação da ex-cunhada de Bolsonaro, mesmo não havendo um nexo entre o suposto esquema na Câmara dos Deputados e os assuntos investigados pela comissão em funcionamento no Senado.
“É fundamental a CPI convocar Andrea Valle, ex-cunhada de Bolsonaro. Ela pode explicar se houve espelhamento do esquema das rachadinhas no governo federal. Como se sabe, Carlos Bolsonaro é peça fundamental no ministério paralelo e Flávio Bolsonaro um influente filtro de indicações”, escreveu Renan nas redes sociais.
Segundo a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), os áudios revelados pelo UOL também reacenderam a esperança de deputados de partidos da oposição pela instalação de uma CPI da Rachadinha na Câmara dos Deputados. Apresentado em março, o requerimento pela instalação da comissão conta com apenas 64 assinaturas das 171 necessárias. Segundo o “Jornal Nacional” da TV Globo, o Psol protocolou pedido de investigação na Procuradoria da República no Rio de Janeiro, mas o presidente não pode ser investigado por supostos delitos cometidos antes de seu mandato, conforme dispõe o parágrafo quarto do artigo 86 da Constituição.
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