Precisa contesta irmãos Miranda em vídeo enviado à CPI
Foto: ADRIANO MACHADO/REUTERS
O presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, enviou um vídeo à CPI da Covid para rebater as denúncias contra sua empresa feita pelos irmãos Miranda. “Escolham a palavra: mentira, ficção, invenção, devaneio desses senhores que vieram depor à CPI”, diz sobre a dupla que denunciou irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin contra a covid-19.
Na semana retrasada, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda confirmaram as denúncias em depoimento à CPI, citando a Precisa como uma das empresas envolvidas.
Entre outros arquivos, o servidor mostrou a Invoice (nota fiscal internacional) da compra, que levantou sua suspeita por prever pagamento adiantado do ministério no valor de 45 milhões de dólares por 300 mil doses do imunizante que ainda não havia sido aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Além disso, o técnico avaliou que a empresa Madison Biotech, que constava nesta nota fiscal como vendedora das doses, não era correspondente com as empresas que o governo federal estava negociando: Bharat Biotech e Precisa Medicamentos. O servidor Ricardo Miranda também afirmou que foi pressionado de forma anormal para aprovar a compra.
Ainda de acordo com a versão dos irmãos, foi neste momento que eles se reuniram pessoalmente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no dia 20 de março, para relatar suas suspeitas de superfaturamento e corrupção na compra. Só então que as notas fiscais do contrato teriam sido corrigidas. Bolsonaro nega.
Já Maximiano afirma que sua empresa enviou os primeiros documentos no dia 18 de março, sem a nota fiscal que teria gerado suspeita. Esta Invoice teria sido enviada somente no dia 22, diz o empresário no vídeo.
“É uma contradição central dos irmãos Miranda: quando vão ao presidente da República, no dia 20, não havia nem o arquivo, muito menos a suspeita ou o problema com o Proforma Invoice [nota fiscal internacional]”, expõe.
Ele cita outros três pontos para defender que os irmãos tenham mentido à CPI, todos relacionados às notas fiscais da compra. Os dois primeiros dizem que a correção da Invoice só foi apresentada ao Ministério da Saúde no dia 23 de março, que teria sido corrigida pela Precisa antes do pedido da pasta.
Por último, o empresário afirma que os prints de conversas por Whatsapp mostradas à CPI pelos irmãos sobre a nota fiscal suspeita datam do dia 22 de março. “Portanto, além da perícia, as mensagens dos irmãos deixam claro e comprovado: não houve discussão de invoice com o presidente da República”, defende Maximiano.
Depois de ter sua participação adiada, o empresário ainda não tem data para depor à CPI. Ele foi ofuscado pelo surgimento de outro escândalo envolvendo compra de vacinas pelo Ministério da Saúde, depois que o representante de uma farmacêutica afirmou ter sido pressionado para trabalhar com propinas no contrato de doses da AstraZeneca/Oxford.
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