Secretário de Segurança paulista defende câmera na farda dos PMs

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Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

Pouco após o estado de São Paulo registrar, em junho, o menor índice de letalidade policial em oito anos, o secretário de Segurança Pública general João Camilo Pires de Campos, elogiou o programa de câmeras portáteis da Polícia Militar e mostrou otimismo com a ampliação do programa.

“A câmera é uma ferramenta espetacular. Temos 3 mil câmeras e vamos aumentar para 10 mil câmeras”, afirmou em entrevista ao UOL. Acopladas à farda dos policiais, elas passaram a ser utilizadas em 18 batalhões da PM neste ano. O projeto é discutido e testado desde 2017.

Eu não vejo problema, vejo profissionalismo. Tudo o que é feito com profissionalismo vai bem. Não há de incomodar aquilo que se faz de maneira correta.”
General João Camilo Pires de Campos

Internamente, segundo apuração da reportagem, as câmeras são motivo de debate e insatisfação para alguns policiais, principalmente os de baixa patente, que estariam descontentes. A iniciativa já foi publicamente criticada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que argumenta que os agentes serão “desestimulados” a trabalhar.

Na avaliação do general, as câmeras são um passo importante para controlar a letalidade. “A câmera é um objeto. A queda da letalidade não se baseia num objeto, é um processo. São passos que estão sendo dados”, disse.

As câmeras fazem parte de um programa de ações estruturadas para reduzir os índices de letalidade policial no estado de São Paulo. As polícias Civil e Militar, sob o comando do governador João Doria (PSDB), bateram recorde histórico no primeiro semestre de 2020 ao matarem ao menos 514 pessoas em supostos tiroteios, durante o serviço e em folga.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, entre junho do ano passado e maio deste ano, houve redução de 36% no número de mortes cometidas por PMs, índice que chegou ao menor patamar desde 2013.

A pressão pela resolução desses índices alarmantes aumentou ainda mais depois da tragédia de Paraisópolis, em que nove jovens morreram após uma ação da PM para dispersar o Baile da DZ7, tradicional baile funk da comunidade. O MP denunciou os agentes por homicídio ontem.

João Campos nega que o caso de Paraisópolis tenha sido o estopim para que o governo estadual voltasse a atenção à letalidade. “Diminuir a letalidade é um objetivo permanente. Não se deve a um evento, a uma circunstância, se deve a uma condição de policiamento. Diminuir a letalidade é bom para a sociedade”, concluiu.

A mudança no comando-geral da PM também é considerada fator crucial, segundo oficiais ouvidos pela reportagem, para que o controle da letalidade entrasse na lista de prioridades da pasta da Segurança Pública.

Descrito como um perfil reservado e defensor dos direitos humanos, Fernando Alencar Medeiros, que assumiu a tropa em março de 2020, tinha essa redução dos índices como promessa.

Medeiros foi comandante da Rota, a tropa de elite mais letal da PM, e instrutor da Academia do Barro Branco, onde são formados oficiais da corporação. Ele assumiu o lugar do coronel Marcelo Vieira Salles, que entrou para reserva e disputou a eleição municipal na capital paulista para vereador, mas não foi eleito.

Uol

 

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