Bolsonaro recua de ameaças golpistas
Foto: Isac Nóbrega/PR
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem, de maneira explícita, que não promoverá uma ruptura institucional, como vinha ameaçando fazer em discursos nas últimas semanas. Em viagem ao Mato Grosso, ele pediu ontem “um diálogo” com os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem vem atacando, ameaçando e insultando reiteradamente.
A fala ocorre um dia após o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ter se encontrado com o presidente do STF, Luiz Fux, para tentar baixar a temperatura da crise. Segundo relatos, Ciro esperava que Fux remarcasse uma reunião entre chefes dos Três Poderes, que havia cancelado após os agressivos ataques de Bolsonaro aos ministros da Corte e ao sistema eleitoral.
Fux, porém, teria sinalizado que a retomada do diálogo só ocorreria caso Bolsonaro desistisse de protocolar um pedido de impeachment contra Barroso e Moraes. Em público, disse apenas que o tema estava “em avaliação”. Ministros ainda tentam dissuadir o presidente de entregar o pedido.
Bolsonaro, que recentemente chamou Barroso de “imbecil”, afirmou que ele é a favor da pedofilia e disse que a hora de Moraes “vai chegar”, afirmou ontem que conversaria com ambos. Ele citou ainda o ministro Luis Felipe Salomão, corregedor da Justiça Eleitoral, que determinou a suspensão de repasse de verbas de monetização de redes sociais e canais que propagam “fake news” sobre o sistema eleitoral brasileiro. A totalidade desses sites e perfis tem viés bolsonarista.
“Não vão me acusar do que eles são. A minha voz vai continuar sendo usada. Não estou atacando ninguém, nenhuma instituição. Algumas poucas pessoas que estão turvando as águas do Brasil. Quero paz com tranquilidade”, disse Bolsonaro em Cuiabá. “Converso com o senhor Alexandre de Moraes, se quiser conversar comigo. Converso com o senhor Barroso, se quiser conversar comigo. Converso com o senhor Salomão, se quiser conversar comigo. Ele fala o que ele acha que está certo, eu falo o que eu acho do lado de cá. E vamos chegar a um acordo.”
Diante de sinais negativos do mercado nos últimos dias, Bolsonaro reconheceu que a crise entre os Poderes afeta a economia.
“Toda vez que há um problema, se mexe com o dólar. Se mexe com o dólar, mexe com o preço do combustível, tem inflação, tem dor de cabeça para o povo todo. Em especial, o mais pobre, o mais humilde”, disse. “É pedir muito um diálogo, [uma vez] que da minha parte nunca vou fechar as portas para ninguém?”
Apesar de ter atenuado o discurso, Bolsonaro queixou-se da prisão de aliados, como o presidente do PTB, Roberto Jefferson, e das punições impostas pelo STF aos sites.
“Da minha parte não haverá ruptura. Sei das consequências internas e externas de uma ruptura. Mas provocam-nos o tempo todo”, disse. “Não é justo prender quem quer que seja sem o devido processo legal. Não é justo o TSE agora desmonetizar páginas que falam que o voto impresso é necessário ou que desconfiam do voto eletrônico.
” Na fala mais dura do dia contra o Judiciário, ele disse que não se pode aceitar “uma ditadura branca no Brasil”.
“Queremos cumprir a Constituição. Nós jogamos dentro das quatro linhas da Constituição. Alguns pouquíssimos querem jogar fora dela”, disse. “Não podemos aceitar uma ditadura branca em nosso país com cerceamento das redes sociais.”
Mais tarde, em um evento com indígenas na capital mato-grossense, Bolsonaro afirmou que há uma “minoria” que o está “oprimindo”, em nova referência aos ministros do Supremo.
“Há valor maior do que a liberdade no momento em que quase toda a população está apavorada pela supressão de liberdade por parte de alguns poucos que habitam ali a Praça dos Três Poderes?”, discursou. “Estamos perdendo liberdade, estamos sendo sufocados. E quem está nos oprimindo? É uma minoria. Da onde menos esperávamos controle sobre liberdade, está vindo a mão pesada, ou melhor, uma caneta.”
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