CPI volta com pressão para demitir servidores
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
“Ciro, não retire a minha pasta. Você está sendo filmado.” Com — literalmente — esse bilhete, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) marcou lugar na comissão pedindo ao então integrante da CPI da Pandemia Ciro Nogueira (PP-PI) para não retirar os objetos dela e nem ocupar a cadeira que costumava sentar na comissão.
Enquanto Ciro chegava a ficar dias sem aparecer na CPI, Eliziane era presença cativa, apesar de não ser integrante titular nem suplente. Escolhido ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira agora não é mais membro da CPI. Mas se manterá como jogador no time governista em articulações para reduzir os danos para o governo, nesta segunda temporada da comissão.
A Ciro, que toma posse como ministro nesta semana, foi dada a tarefa de evitar estragos maiores dentro de uma CPI, que tem como alguns de seus objetivos apontar corrupção e negligência do governo federal na pandemia.
Um dos focos da oposição esta semana é aprovar a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Com o pretexto de ouvi-lo sobre sua atuação na Casa Civil, no início da pandemia, o ministro é aguardado mesmo para falar de eleições 2022 e os riscos para o pleito, caso o voto impresso não passe na Comissão Especial da Câmara.
Senadores ouvidos pela CNN devem argumentar que um convite, no lugar de convocação, seria o mais adequado. E que a Câmara já o convidou a falar no dia 17 deste mês, na Comissão de Fiscalização. Integrante da CPI, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) afirma que não irá apoiar o requerimento.
“Tudo está na base da emoção, na sanha por um projeto de poder. Os fins não justificam os meios. Trazer o ministro Braga Netto para ouvir sobre vacinas é uma coisa. Agora, querer colocar outro assunto por causa do momento político, desvirtua completamente”, disse à CNN.
A cúpula da comissão se reuniu na noite desta segunda-feira (2) para definir o calendário nos próximos dias. É esperado o depoimento secreto do ex-governador Wilson Witzel, que também ficou para este retorno do recesso.
Witzel pediu para escolher os policiais que fariam sua segurança, com medo de represálias, de acordo com integrantes da comissão. Os detalhes dessa organização ainda estão indefinidos.
De qualquer forma, o novo depoimento de Witzel ocorrerá nesta nova fase da CPI, que agora conta com a participação de Flávio Bolsonaro, opositor de Witzel, na condição de suplente.
“Nós esperamos que o senador assuma dentro das regras de convivência parlamentar. A CPI não investiga pessoas, investiga fatos. Se essa investigação conduzir a determinadas pessoas não seremos intimidados por quem quer que seja para avançar nessa apuração. Então, acho que não muda nada”, respondeu o senador Humberto Costa, à CNN.
Além de requerimentos de depoimentos e análise de documentos, a comissão acredita que conseguirá pressionar o governo a exonerar a secretária de Gestão da Educação e do Trabalho, do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Ela promoveu informações do Tratecov, aplicativo que informalmente sugeria dosagem de remédios para tratamento precoce contra a Covid-19.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) fala em antecipar seu relatório e entregá-lo em setembro, ainda que a comissão possa funcionar até novembro. A avaliação interna é que a CPI já chegou ao auge e arrastá-la pode fazer com que as atenções à comissão virem chateação do público em continuar acompanhando.
O relatório prévio trará recomendações de demissões de alguns funcionários do Ministério da Saúde, protocolos mais rígidos a serem adotados pelo governo em contratos, e a temida versão final da lista de investigados.
Horas antes da reestreia da comissão, nesta terça-feira, senadores do grupo majoritário se encontraram na casa presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). O encontro foi simbólico, já que assunto não faltou para eles nessa, digamos, “férias”.
Um dos ambientes de debate está no celular deles. Pelo Whatssapp, em um grupo chamado “Filhos de Otto e Tarso”, os parlamentares homenageiam os nomes dos senadores mais antigos do time, Otto Alencar (PSD-BA) e Tarso Jereissatti (PSDB-CE), para debater estratégias. Se algum depoente vai faltar, pretende ficar calado, ou se surge um nome novo para convocar, com certeza esse debate se passa por lá.
Assinatura
CARTA AO LEITOR
O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.
No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.
O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.
O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog
FORMAS DE DOAÇÃO
1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br
2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única
DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf
DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf