DEM não para de perder quadros importantes
Foto: Pedro França / Agência Senado / Estadão Conteúdo
Enquanto o PSD assedia às claras o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), para disputar pela sigla a Presidência da República, o DEM, ao qual ele é filiado, deflagrou uma contra-ofensiva nos bastidores para preservar o quadro, um ativo valioso, depois que perdeu o comando das duas Casas legislativas.
O DEM está em campo na disputa pela vaga de presidenciável da terceira via com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que até agora, não demonstrou fôlego nas pesquisas – embora ainda faltem 14 meses para as eleições.
Mas segundo dirigentes da legenda, Pacheco está ciente de que, se tiver a intenção de embarcar na disputa sucessória e despontar nas sondagens em condições competitivas, poderá concorrer pelo DEM.
Ele vem sendo lembrado por correligionários de que foi alçado ao cargo pelo DEM, como apadrinhado de seu antecessor, Davi Alcolumbre (DEM-AP), agora presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A cúpula do DEM investiu tantas fichas na eleição de Pacheco, a fim de preservar o controle de pelo menos uma das Casas legislativas, que, em meio a acusações de deslealdade, uma das consequências dessa disputa foi a saída do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) do partido. Ele era um dos quadros mais antigos da sigla e foi presidente do partido.
A seu turno, Pacheco já tem laços com o PSD: um de seus aliados mais próximos, o diretor de assuntos jurídicos do Senado, Alexandre Silveira – que também é suplente do senador Antonio Anastasia (PSD-MG) – é presidente do diretório mineiro do PSD.
Um interlocutor do presidente do Senado disse ao Valor que se o DEM se aproximar ainda mais do governo Bolsonaro e, eventualmente, apoiar a reeleição do presidente, este seria um motivo para o mineiro se desligar do partido. O DEM tem dois ministros: Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência).
Mas Pacheco tem afirmado a interlocutores, em conversas recentes, que não tem motivos para sair do DEM. Mesmo assim, essa sinalização não tranquiliza dirigentes do partido.
“Pacheco é uma esfinge e, para agravar, uma esfinge mineira”, disse ao Valor um dirigente do DEM. Esta liderança da sigla acredita que Pacheco não vai se posicionar agora. “Ele vai tentar ganhar o máximo de tempo possível, vai empurrar [a definição] o máximo que puder. Vai esperar para ver como o cenário se desenha. É o que eu imagino”.
Um dos argumentos do presidente do PSD, Gilberto Kassab, é a articulação de palanques robustos nos principais palcos eleitorais para acolher o eventual presidenciável da sigla.
Kassab arregimentou cabos eleitorais concorridos nos quatro maiores colégios eleitorais: o prefeito da capital, Eduardo Paes, no Rio de Janeiro; o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em Minas Gerais; o senador Otto Alencar, na Bahia.
Em São Paulo, PSD e DEM também travam uma disputa por um cobiçado ativo eleitoral, o ex-governador Geraldo Alckmin, que deve se desfiliar do PSDB.
Lideranças do DEM apostam nas cicatrizes da relação de Alckmin com Kassab, que remontam à eleição municipal de 2008, para assegurar que o tucano não ingressará no PSD. Naquela eleição, Geraldo Alckmin foi candidato cristianizado pelo PSDB, porque José Serra e seu grupo apoiaram a reeleição de Kassab, então filiado ao DEM, para a Prefeitura de São Paulo. Kassab foi reeleito, e no embalo da vitória, fundou o PSD.
O DEM contra-ataca contabilizando, pelo menos, oito palanques com candidatos de fôlego disputando governos estaduais. Se Alckmin se decidir pelo DEM, a conta sobe para nove.
Dois governadores têm alta probabilidade de reeleição: Ronaldo Caiado, em Goiás, e Mauro Mendes, em Mato Grosso.
Em Alagoas, está em curso uma articulação do presidente do DEM, ACM Neto, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para formar uma chapa de oposição competitiva para enfrentar o grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O objetivo é filiar ao DEM o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, que está hoje no Solidariedade.
Victor pode assumir o governo de Alagoas em abril, se o governador Renan Filho (MDB) se desincompatibilizar para concorrer ao Senado. Alagoas não tem vice-governador: Luciano Barbosa, que rompeu com os Calheiros, desligou-se do cargo e se elegeu, com o apoio de Lira, prefeito de Arapiraca, segunda maior cidade alagoana.
O DEM tem dois bolsonaristas radicais competitivos pré-candidatos ao governo estadual. Em Rondônia, o senador Marcos Rogério, expoente da tropa de choque governista na CPI da Covid, encabeça as sondagens. No Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni divide a liderança das pesquisas com o ex-governador José Ivo Sartori (MDB).
Na Bahia, ACM Neto enfrentará o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, que é forte no Estado. No Amazonas, o candidato é o ex-governador Amazonino Mendes. Em Santa Catarina, o postulante ao governo é o bem avaliado prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro.
Uma liderança do DEM relativiza, entretanto, a força dos palanques estaduais como um dos fatores para impulsionar uma candidatura presidencial. Relembra que Alckmin, que disputou a Presidência em 2018, dispunha dessa estrutura, além da maior coligação e maior tempo de propaganda na televisão, e não atingiu os dois dígitos na contagem dos votos. Afirma que os governadores só aderem à campanha presidencial se o vento soprar a favor, e o apoio se mostrar uma via de mão dupla.
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