Lula acha que Bolsonaro trabalha para adiar eleições
Foto: Reprodução
O ex-presidente Lula acredita que o presidente Jair Bolsonaro açula seus apoiadores contra o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral com o propósito de incendiar o país, provocar uma convulsão social e usá-la como pretexto para adiar as eleições de 2022.
O raciocínio do petista, revelado a interlocutores com quem esteve no Nordeste, é de que Bolsonaro pretende se aproveitar da balbúrdia provocada, por exemplo, por eventuais motins de policiais militares, para, a pretexto de garantir a lei e a ordem, colocar o Exército nas ruas e invocar uma medida de exceção que lhe permita adiar as eleições — que seria o seu objetivo maior.
Como inexiste no país uma lei que preveja o adiamento do pleito nessa situação, a iniciativa de Bolsonaro careceria de amparo constitucional. Em outras palavras, configuraria um golpe — palavra que Lula não pronunciou.
Um dos mais importantes conselheiros do ex-presidente petista, com trânsito entre os militares, defende a tese de que os dias mais perigosos para a estabilidade democrática no Brasil serão os compreendidos entre o segundo turno das eleições e a data de posse do novo presidente da República, em janeiro de 2023.
No cenário traçado por esse conselheiro, Bolsonaro seria derrotado por Lula e usaria o argumento da “fraude eleitoral” para, no período, tentar tumultuar ou impedir a posse do adversário.
Lula não acredita nisso.
Para ele, Bolsonaro irá “arrebentar a corda” antes das eleições, de modo a inviabilizá-las.
Na segunda-feira, em giro pelo Nordeste, o ex-presidente esteve no Ceará, onde procurou políticos como os senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Cid Gomes (PDT), além do ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB).
Nas conversas, o petista se disse “inconformado” com o que considera ser uma “falta de reação” da sociedade e da classe política aos avanços de Bolsonaro contra as instituições. Disse ser favorável ao impeachment e defendeu “uma demonstração clara de resistência” por parte de “todas as siglas que se dizem democratas e contrárias à ruptura institucional”.
Para entender o que o petista quer dizer com isso é preciso voltar a 1992.
Na conjuntura que antecedeu o processo de impeachment de Fernando Collor, o PT, então uma sigla ascendente, funcionou como força catalisadora no Congresso para atrair o que ao final se configurou um amplo arco de partidos unidos pelo desejo de afastar o presidente.
Lula, que havia sido derrotado por Collor nas eleições, tomou a frente desse movimento, em sintonia com o clima político: os “caras-pintadas” eram apenas uma das faces do apoio maciço que a ideia tinha entre a população.
Hoje, no entanto, nem o PT pós-mensalão e pós-petrolão pode ser considerado uma força ascendente nem as ruas clamam —em uníssono— pelo afastamento do ex-capitão.
Sobretudo, Lula não é o mesmo — não obstante as tentativas de beatificação empreendidas por seus partidários. Se há hoje, portanto, alguém credenciado a unir o país em torno da ideia do impeachment de Bolsonaro, esse alguém não será ele.
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