Marinha toca trilha de filme de ação para Bolsonaro atirar

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

A demonstração da Marinha usada como justificativa para o criticado desfile de blindados em frente ao Palácio do Planalto teve nesta segunda-feira (16), em Formosa (GO), tiros de artilharia disparados pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), um dos principais líderes do centrão.

A agenda de Bolsonaro nesta manhã foi praticamente toda ocupada para acompanhar a Operação Formosa, maior exercício anual da Marinha realizada no Planalto Central.

É a primeira vez que um presidente da República assiste o exercício, que durou aproximadamente duas horas e foi transmitido pela TV Brasil, rede de comunicação do governo.

No início da demonstração, Bolsonaro e Ciro foram chamados a disparar peças de artilharia que simularam o bombardeio de posições inimigas. As peças eram obuseiros de 105 mm, com alcance de 17 quilômetros, segundo explicou o cerimonial do Ministério da Defesa.

A simulação ocorre numa área militar em Formosa (GO), a cerca de 80 km de Brasília.

Além de Bolsonaro e Ciro, estiveram os ministros Walter Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Segurança Institucional), Marcelo Queiroga (Saúde) e Gilson Machado (Turismo). Os comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e do Exército, general Paulo Sérgio, também compareceram.

Os exercícios foram acompanhados ainda de dezenas de adidos militares e por parlamentares aliados do Planalto, entre eles o senador Marcos Rogério (DEM-RO).

Embora a presença de Bolsonaro estivesse confirmada desde a semana passada, a participação do presidente numa demonstração de tiro de artilharia não foi avisada previamente pelo Ministério da Defesa.

A Operação Formosa, realizada desde 8 de julho com o deslocamento de equipamento e veículos do Rio de Janeiro, envolve cerca de 2.500 militares das três Forças. A demonstração na manhã desta segunda foi uma parte dos exercícios e buscou simular situações de combate após um desembarque anfíbio.

A simulação começou com voos de reconhecimento e de bombardeio, seguidos dos disparos de artilharia.

Na etapa posterior, militares fizeram demonstração de destruição de objeto suspeito de apresentar risco químico ou biológico. A ação dos militares nesse ponto ocorreu ao som da música tema do filme de ação Missão Impossível.

A simulação teve ainda disparos de armamentos em blindados, tanques, helicópteros e aviões, além de lançadores de foguetes. Houve ainda salto de um grupo de paraquedistas que entregou uma bandeira do Brasil a Bolsonaro. O presidente não deu declarações aos jornalistas que estavam no local.

Na semana passada, o desfile militar armado para entregar o convite a Bolsonaro foi criticado por diversos parlamentares, que viram na exibição de tanques e blindados pela Esplanada dos Ministérios uma tentativa de intimidar o Parlamento.

O desfile ocorreu no dia em que a Câmara analisou —e rejeitou— uma PEC (Proposta da Emenda à Constituição) que buscava instituir o voto impresso no país, uma bandeira bolsonarista.

A insistência do mandatário na defesa do voto impresso tem sido apontada por críticos como um caminho para que ele conteste o resultado das eleições de 2022, caso seja derrotado.

Bolsonaro tem afirmado, sem nunca apresentar provas, que haverá fraude no pleito do ano que vem. A escalada de declarações golpistas abriu uma crise com o Judiciário.

No fim de semana, Bolsonaro disse que pediria ao Senado a abertura de processos contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, ambos do STF (Supremo Tribunal Federal).​

Folha  

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