STF mantém banqueiros controlando a política monetária nacional

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Foto: Pablo Jacob

O Supremo Tribunal Federal (STF), por oito votos a dois, manteve nesta quinta-feira a lei sancionada em fevereiro pelo presidente Jair Bolsonaro que deu autonomia ao Banco Central e estabeleceu que os mandatos do presidente e dos diretores do banco não vão mais coincidir com o do presidente da República. A maioria dos ministros entendeu que é a Lei Complementar 179/2021 é constitucional.

A medida foi alvo de questionamento em uma ação apresentada pelo PSOL e pelo PT, que apontavam dois problemas na Lei Complementar: o projeto foi uma iniciativa do Congresso e não do Executivo, e o próprio conteúdo do texto aprovado.

O tema começou a ser discutido pela Corte em junho deste ano no plenário virtual, em que os ministros não se reúnem e votam pelo sistema eletrônico da Corte, mas foi transferido para o plenário presencial após pedido do ministro Dias Toffoli.

Primeiro a votar nesta quinta, Toffoli acompanhou a divergência aberta pelo ministro Luís Roberto Barroso, para quem não é de iniciativa privativa do presidente da República dispor sobre a alteração no funcionamento do Banco Central. O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, ao contrário, entende que a lei é inconstitucional porque a iniciativa do projeto deveria ter sido do chefe do Executivo e não de uma das Casas do Congresso.

O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, ao contrário, entende que a lei é inconstitucional porque a iniciativa do projeto deveria ter sido do chefe do Executivo e não de uma das Casas do Congresso.

Além de Toffoli, Barroso também foi seguido pelo ministro Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020. O ministro lembrou que a autonomia do Banco Central, a exemplo do Federal Reserve (Fed) norte-americano ou do Banco Central Europeu, é requisito essencial para a confiança nas relações internacionais — representando um indicativo de transparência, responsabilidade e governança.

“Tais fatores são essenciais à manutenção de um ambiente econômico estável e favorável ao crescimento do país. Isso atrairá investimentos e, portanto, maior desenvolvimento econômico para a sociedade como um todo”, afirmou Nunes Marques. Também seguiram a divergência aberta por Barroso os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e o presidente da Corte, Luiz Fux.

Embora tenha seguido a divergência aberta por Barroso para manter a autonomia, Moraes apontou que a autonomia do Banco Central só poderia ter sido conferida por um projeto de lei de autoria do presidente da República, o que não correu. No entanto, o ministro observou que, no caso, houve iniciativa de Bolsonaro já que a proposta enviada pelo Executivo ao Congresso foi seguida quase integralmente. Concordaram com Moraes os ministros Cármen Lúcia e Fachin.

— O STF, de novo, nos ajudando. Eu acredito na nossa democracia — disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao ser comunicado da formação da maioria no STF pela autonomia do BC, durante evento on-line da XP.

No início do julgamento nesta quarta-feira, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, votou pela derrubada da lei, reforçando os argumentos do voto que já tinha apresentado no julgamento virtual. Para o ministro, a discussão não gira em torno de saber se a autonomia do Banco Central é boa ou não, mas a forma como a medida foi aprovada, já que a lei teve origem em um projeto de iniciativa do próprio Congresso. O posicionamento do relator foi seguido pela ministra Rosa Weber.

O Globo 

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