75 pessoas ignoraram convocações da CPI da covid

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Foto: Pedro França / Agência O Globo

Na reta final da CPI da Covid, há 75 pessoas convocadas sem data para depor na comissão, segundo um levantamento feito do GLOBO. Entre elas estão governadores; membros do suposto gabinete paralelo, que dava orientações no combate à pandemia às margens do Ministério da Saúde; e pessoas próximas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como sua ex-mulher Ana Cristina Valle e a advogada Karina Kufa.

Ainda que o relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), tenha adiado a entrega do relatório final da comissão para o início de outubro, o colegiado deve deixar algumas pontas soltas da investigação, seja por falta de tempo ou de consenso entre os parlamentares. É o caso da convocação de Ana Cristina Valle; alguns senadores avaliam que seu depoimento poderia sair do escopo da comissão, que investiga irregularidades na condução da crise sanitária no Brasil.

A atuação das empresas de tecnologia, em especial na divulgação de desinformação sobre a pandemia, também chegou a despertar interesse, mas não foi para frente. Da mesma forma, assessores palacianos do chamado “gabinete do ódio”, suspeitos e divulgarem inverdades sobre a Covid-19, não foram convocados. A atuação da equipe econômica do governo para garantir recursos à pandemia, as irregularidades no pagamento do auxílio emergencial e o enfrentamento à doença entre os índios também ficaram pelo caminho.

A desinformação, abundante na pandemia, levou a CPI a aprovar em 23 de junho a convocação de representantes do Twitter, Facebook e Google. Antes disso, conforme mostrou O GLOBO em reportagem publicada em julho, as empresas de tecnologia já vinham procurando os senadores e trabalhando nos bastidores para sair do alvo da CPI. Em 23 de junho, porém, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, deram uma entrevista ao GLOBO relatando terem avisado Bolsonaro sobre suspeitas na importação da vacina Covaxin. A partir desse momento, as irregularidades na compra da Covaxin e de outras vacinas passaram a ser o foco da CPI, e os outros assuntos acabaram recebendo menos atenção.

Também não foram marcados os depoimentos dos governadores convocados, mesmo com a estratégia dos senadores governistas de apontarem que as corrupções nos estados eram responsáveis pela má condução da pandemia de Covid-19. No entanto, após um acordo entre os membros do colegiado para a convocação dos chefes do Executivo estadual, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), barrou os depoimentos.

Veja a lista de quem foi convocado, mas não depôs à CPI:

Alex Lial Marinho, tenente-coronel e ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde do Ministério da Saúde

Ana Cristina do Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro

Andreia Lima, CEO da VTC Operadora Logística

Antônio José Barreto de Araújo Júnior, ex-secretário-executivo do Ministério da Cidadania

Antônio Denarium, governador de Roraima

Arthur Weintraub, ex-assessor da presidência da República

Carlos Alberto de Sá, sócio da empresa VTC Operadora Logística

Carlos Moisés, governador de Santa Catarina

Carolina Palhares Lima, diretora de Integridade (Dinteg) do Ministério da Saúde

Cristiane Fleuri de Jesus, fiscal do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde

Cristiane Rose Jourdan Gomes, ex-diretora do Hospital Federal de Bonsucesso e diretora da Anvisa

Daniela Reinehr, vice-governadora de Santa Catarina

Danilo Berndt Trento, diretor da Precisa Medicamentos

Desenvolvedor do TrateCov

Elson de Barros Gomes Júnior, cônsul honorário da Índia em Minas Gerais

Emanuel Catori, sócio da Belcher Farmacêutica

Eric Matheus Bispo Pereira, fiscal do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde

Fábio da Silva Sartori, fiscal do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde

Fábio Mendes Marzano, ex-secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores

Felipe Cruz Pedri, secretário de Comunicação Institucional da Presidência

Fernando de Castro Marques, presidente da União Química

Filipe G. Martins, assessor internacional da presidência da República

Flávio Loureiro de Souza

Flávio Werneck Noce dos Santos, ex-assessor especial para assuntos internacionais do ministro da Saúde

George da Silva Divério, coronel da Reserva do Exército e ex-superintendente do Ministério da Saude no Rio de Janeiro

Gustavo Berndt Trento, irmão do diretor da Precisa Medicamentos

Gustavo Mendes Lima Santos, gerente de medicamentos da Anvisa

Hélder Barbalho, governador do Pará

Hélio Angotti Netto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde

Hugo Teixeira Montezuma Sales, coordenador-geral de Análise Jurídica de Licitações, Contratos e Instrumentos Congêneres na Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Saúde

Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal

Jaime José Tomaselli, executivo da World Brands

Joabe Antônio Oliveira, coordenador de administração do Hospital Federal de Bonsucesso

João Paulo Marques dos Santos, ex-secretário-executivo da Secretaria de Saúde do Amazonas

Jonas Roza, ex-superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro

José Alves Filho, representante da Vitamedic

José Clovis Batista Dattoli Júnior

Karina Kufa, advogada de Jair Bolsonaro

Leonardo Ananda Gomes, presidente da Câmara de Comércio Índia Brasil

Luciano Hang, empresário e suposto membro do gabinete paralelo

Luiz Henrique Lourenço Formiga, diretor do FIB Bank

Marcelo Bento Pires, ex-coordenador do Plano Nacional de Operacionalização das Vacinas contra a Covid-19 do Ministério da Saúde

Marcelo Muniz Lamberti, superintendente do Ministério da Saúde no Rio

Marcelo Oliveira de Souza, médico da Viação Redentor

Marcos Erald Arnoud, “Markinhos Show”, ex-marqueteiro do Ministério da Saúde na gestão Pazuello

Coronel Marcos José Rocha dos Santos, governador de Rondônia

Maria Nazareth Farani Azevêdo, ex-representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas e a outras organizações internacionais em Genebra

Mário Peixoto, empresário

Mauro Carlesse, governador do Tocantins

Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina

Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz

Onyx Lorenzoni, ministro

Paulo César Gomes Baraúna, diretor da empresa fornecedora de oxigênio White Martins

Paulo Cotrim, servidor público e ex-diretor do Hospital Federal de Bonsucesso

Péricles Rodrigues do Nascimento, deputado estadual do Amazonas

Raimundo Nonato Brasil, sócio da empresa VTC Operadora Logística

Raphael Barão Otero de Abreu, dono da Barão Tur

Renato Spallicci, presidente da Apsen Farmacêutica, fabricante de hidroxicloroquina

Representante da Janssen no Brasil

Representante da Viação Redentor

Representante da White Martins

Representante do Facebook

Representante do Google

Representante do Twitter

Robson Santos da Silva, secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde

Rodrigo de Lima, funcionário terceirizado no Ministério da Saúde

Rogério Rosso, diretor de negócios internacionais da União Química

Silvio Assis, suposto lobista

Teresa Cristina Reis de Sá, sócia da empresa VTC Operadora Logística

Thais Amaral Moura, assessora especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência da República

Thiago Fernandes da Costa, servidor do Ministério da Saúde e um dos gestores que atuou no contrato celebrado entre a União e a Bharat Biotech

Waldez Góes, governador do Amapá

Wellington Dias, governador do Piauí

Wilson Lima, governador do Amazonas

Zenaide Sá Reis, funcionária do setor financeiro da empresa VTCLog

O Globo

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