Analistas dizem que Velho da Havan saiu ileso da CPI

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Foto: Alan Santos / PR

O empresário bolsonarista Luciano Hang afirmou ontem à CPI da Covid que mobilizou empresários de sua cidade, Brusque (SC), para comprar e doar a hospitais locais medicamentos do chamado “kit covid”, que não tem eficácia científica comprovada no combate à doença.

Dono da Havan, ele também disse ter contas no exterior e offshores em paraísos fiscais, que garantiu serem legais e declaradas na Receita Federal. Ele negou ter financiado o impulsionamento de mensagens a favor do tratamento precoce.

Apesar das revelações, a avaliação de integrantes do colegiado foi de que o depoente escapou praticamente ileso do depoimento, principalmente ao conseguir se desvencilhar das principais acusações. Ele negou participar ou conhecer a existência do chamado “gabinete paralelo”, que teria aconselhado o presidente Jair Bolsonaro na pandemia. “Não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo. Nunca financiei disseminação de informações falsas. Não sou negacionista”.

Hang procurou passar a imagem de ser um empreendedor que estaria sendo perseguido por seu posicionamento político. “Nunca neguei a gravidade da doença. Destinamos mais de R$ 5 milhões para a área de saúde. Nunca fui contra a vacina. Sou vítima de um conjunto de narrativas por não ter medo de falar a verdade e mostrar meu apoio [ao presidente]”

Hang também se colocou como vítima na controvérsia envolvendo a morte de sua mãe, por complicações com o coronavírus. “Imagine o quanto é duro que usem a morte da minha mãe politicamente, de forma vil, baixa e desrespeitosa”.

Regina Hang faleceu um mês após dar entrada no hospital com a doença. Cliente da Prevent Senior, ela foi submetida ao tratamento do kit covid e também passou por sessão de ozonioterapia, prática que é proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), salvo de forma experimental. Hang confirmou que autorizou os procedimentos.

Em vídeo, Hang havia dito que sua mãe não havia recebido o tratamento preventivo com medicamentos, e que acreditava que ela poderia ter se salvado se o tivesse feito. Diante da controvérsia, Hang recorreu a um artifício linguístico. Disse que “tratamento preventivo é uma coisa e tratamento precoce é outra”, para justificar que sua mãe recebeu remédios do “kit covid”, com recomendação médica, logo após descobrir que ela havia contraído o vírus, em dezembro de 2020. “Eu tomo até hoje o preventivo, ela não tomava. Quando fomos medicar a minha mãe, ela já estava com o pulmão bastante comprometido”, alegou.

“Vocês, senadores, foram induzidos ao erro”, disse Hang. “Avisei no vídeo que minha mãe pegou covid, que foi à Prevent Senior e lamentei não ter feito tratamento preventivo antes de ela ser contaminada”, completou.

Apesar de rechaçar a pecha de “negacionista”, Hang defendeu teses combatidas por especialistas. Ele afirmou que não se vacinou contra a covid-19 porque supostamente teria “imunidade natural”. “Eu não tomei vacina porque eu tenho índice de anticorpos altíssimo”, disse. “Eu tenho neutralizante natural”, afirmou.

Hang ainda teve sua vida facilitada pelos principais integrantes do colegiado, o presidente Omar Aziz (PSD-AM) e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que reagiram a provocações do depoente, levando as discussões muitas vezes para longe de temas relacionados às investigações. “Chama o VAR”, disse Hang, quando o senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu a expulsão de um dos advogados do empresário, que supostamente teria lhe ofendido fora dos microfones. “Nada devo, não fiz nada errado e a CPI não tem nenhuma prova contra mim”, disse em outra passagem.

“O senhor acha que isso aqui é uma brincadeira?”, chegou a perguntar Renan. O relator ocupou a maior parte da inquirição, indo até por volta das 15h (a sessão começou pouco depois das 10h da manhã) e deixando pouco espaço para fala de outros senadores.

A CPI da Covid começou em abril e ainda não há data definida para seu término – formalmente, ela pode durar até o dia 5 de novembro, mas vários integrantes entendem que ela deve se encerrar o quanto antes e evitar abrir novas frentes de investigação.

Valor Econômico

 

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