Ex-mulher de Bolsonaro quase foi presa por forjar roubo de carro

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Foto: Reprodução

Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, foi absolvida pela Justiça do Rio de Janeiro por supostamente ter forjado o roubo de um carro para receber o seguro em 2008. Os julgamentos aconteceram em 2009 e 2010. Os policiais e a juíza da primeira instância destacaram a “estranheza” do caso, mas a magistrada considerou que as provas não eram conclusivas o suficiente para condenar Ana Cristina.

Nesta sexta-feira (3/9), o ex-empregado da família Bolsonaro Marcelo Luiz Nogueira dos Santos afirmou, em entrevista à coluna, que Ana Cristina Valle forjou o roubo de um carro, em fevereiro de 2008, para receber o valor de R$ 135.135 referente ao seguro do veículo.

Segundo Marcelo, o golpe foi aplicado por ela e por um miliciano de Rio das Pedras, favela da zona oeste do Rio de Janeiro, controlada pela milícia. O suposto miliciano, também chamado Marcelo, teria sido namorado de Ana Cristina, com quem ela se envolveu após se separar de Bolsonaro.

O empregado que trabalhou 14 anos para os Bolsonaros disse ainda que o carro teria sido escondido na oficina do suposto miliciano, no bairro da Penha, na zona norte da capital fluminense. Nos fundos da oficina, funcionava, segundo o ex-funcionário, um desmanche de carros.

Em 2008, Ana Cristina Valle foi processada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelos crimes de estelionato e comunicação falsa de crime ou de contravenção. A ex-mulher do presidente foi acusada de ocultar seu carro, do modelo Land Rover, com o objetivo de receber o valor do seguro, que seria pago pela seguradora Porto Seguro.

Uma das testemunhas da acusação foi um policial que desconfiou da versão de Ana Cristina. Enquanto Ana Cristina alegou que teria ficado, no dia do suposto roubo, nos bairros da Barra da Tijuca e Recreio, no Rio de Janeiro, a seguradora forneceu uma informação conflitante: o rastreamento do veículo apontava que o carro havia trafegado pelo subúrbio da cidade.

Outro policial disse que ficou desconfiado com o relato de Ana Cristina sobre o momento da abordagem. Segundo a versão da ex-mulher do presidente, ela foi abordada por um homem de capacete, e não disse onde desembarcou do carro.

Duas testemunhas indicadas pela defesa declararam que Ana Cristina chorou ao falar do roubo naquele dia.

“Depreende-se da narrativa dos policiais que a denúncia foi oferecida na medida em que a dinâmica do delito informado pela ré causou estranheza, bem como estava conflitante com o rastreador remetido pela seguradora. A mesma estranheza causada aos policiais é constatada por esta magistrada”, escreveu a juíza Claudia Pomarico, da 16ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, em novembro de 2009. Contudo, seguiu a magistrada, seriam necessárias “provas isentas de dúvidas e não apenas suposições ou desconfianças” para condenar a mulher.

Um dos pontos citados pela juíza sobre a fraqueza das provas foi o relato do funcionário da seguradora, que apresentou o rastreador do carro. Esse funcionário afirmou que não tinha qualificação técnica para prestar os esclarecimentos à Justiça.

“Não se pretende afirmar que a ré foi efetivamente roubada, apenas que não existem provas de que ela não foi, o que acarreta sua absolvição por falta de provas”, acrescentou a juíza, enfatizando que as provas produzidas pela defesa tampouco levaram à conclusão de que o roubo existiu.

Como constatou dúvidas sobre o crime apontado, a juíza absolveu Ana Cristina Valle. No ano seguinte, 2010, o MP fluminense apresentou recurso para a segunda instância. A conclusão do desembargador Sidney Rosa foi no mesmo sentido da juíza: “Tudo que se tem dos autos são meras suspeitas”.

Metrópoles  

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