Fusão DEM-PSL liberará voto em Bolsonaro
Foto: Werther Santana/Estadão
O novo partido que sairá da fusão entre PSL e DEM não será governista, segundo afirmou ao Estadão ACM Neto, que assumirá a função de secretário-geral da legenda em formação. Atual presidente do DEM, ele diz, no entanto, que a sigla “não criará constrangimentos” a filiados e diretórios que decidam apoiar o presidente Jair Bolsonaro.
A postura é semelhante à do DEM hoje. Oficialmente, a sigla não integra a base aliada, mas tem dois ministros no governo (Onyx Lorenzoni e Tereza Cristina) e maioria das bancadas na Câmara e no Senado alinhada ao Palácio do Planalto.
De acordo com ACM Neto, um dos objetivos da fusão — que deve criar uma das maiores legendas da atualidade — é lançar candidato próprio ao Palácio do Planalto em 2022. “A gente acha que nasce com musculatura suficiente para isso”, afirmou. O dirigente partidário ressaltou que, apesar disso, os diretórios municipais e regionais da nova legenda ficarão livres para apoiar outros candidatos. “(Ter candidatura própria a presidente) Não significa que a gente pretenda estabelecer qualquer tipo de constrangimento para as lideranças e figuras do partido que eventualmente em seus Estados tenham uma situação distinta da nacional”.
O novo partido será presidido pelo atual presidente do PSL, Luciano Bivar. A fusão das duas siglas, caso concretizada, terá as maiores quantias dos fundos eleitoral e partidário e o maior tempo de rádio e televisão para a eleição de 2022. O dinheiro será consequência de a nova sigla ter a maior bancada da Câmara, com 81 deputados, que também terá força para definir os rumos dos projetos da Casa. Além disso, a legenda terá três governadores e sete senadores.
Como fica a situação de ministros do governo Bolsonaro, como Onyx e Teresa, na nova sigla? O partido vai lançar uma candidato contra o atual presidente?
Essa discussão sobre a sucessão presidencial só poderá ser feita depois que o partido for constituído. Em respeito ao correto procedimento e tempo das coisas. Primeiro a gente tem que consolidar a fusão, tem que criar esse novo partido, estabelecer as regras da fusão e depois a gente vai discutir sucessão presidencial. Agora, o objetivo desse novo partido é o de ter candidato próprio a presidente da República. A gente acha que nasce com musculatura suficiente para isso, para ter candidato próprio a presidente da República. O que também não significa que a gente pretenda estabelecer qualquer tipo de constrangimento para as lideranças e figuras do partido que eventualmente em seus estados tenham uma situação distinta da nacional. A ideia, a priori, nossa é ter um projeto nacional e, na medida do possível, conciliar as questões locais sem constrangimentos. Esse é o nosso horizonte mais provável.
A Executiva do DEM já aprovou que a união com o PSL prosseguisse. O que falta para a fusão sair do papel?
Agora a gente tem que que nos próximos dias fechar questão burocrática, de estatuto, das regras de governança, nome, número para então a gente fazer a convenção que acontecerá em outubro com certeza. As (datas) mais prováveis são 5 ou 19 (de outubro) porque a semana do meio é 12 de outubro, que é feriado, é difícil fazer em uma semana de feriado.
Resistência regionais já foram resolvidas? Em São Paulo, com Alexandre Leite, no Rio, com Sóstenes Cavalcante, e em Pernambuco, com Mendonça Filho, o DEM resiste a abrir mão de comandar os diretórios estaduais para dar lugar ao grupo do PSL.
A grande maioria das questões estará resolvida até a convenção. Outras questões não estarão e as que não estiverem vão continuar sendo tratadas posteriormente sempre no espírito de buscarmos consenso e o que pode ser o projeto mais forte e competitivo para o próximo ano. Na medida que os dois partidos se tornarem uma coisa só, o objetivo é comum, ou seja, o que é que cada estado pode trazer de mais musculatura e mais força.
Luciano Bivar vai ser o presidente do novo partido?
Hoje as conversas são nesse sentido, Bivar como presidente e eu como secretário-geral. O partido tendo decisões colegiadas e compartilhadas, ou seja, todas as decisões internas terão que passar por uma apreciação colegiada da comissão instituidora do partido.
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