Fusão do PSL com o DEM enfrenta dificuldades

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Foto: Arquivo O Globo

A conversa por uma fusão entre PSL e DEM, que já recebeu sinal verde das cúpulas de ambos os partidos, esbarra em divergências locais em estados como Rio, São Paulo, Espírito Santo e Pernambuco. O comando de diretórios estaduais e o alinhamento nacional da futura sigla em 2022 também geram impasses na Paraíba, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Embora dirigentes do PSL pretendam anunciar a união já na próxima terça-feira, líderes do DEM estão mais céticos de que todos os obstáculos sejam superados até lá.

Em três estados, Bahia, Goiás e Santa Catarina, o DEM já costurou apoio do PSL a seus candidatos aos governos, contando com recursos e o tempo de TV trazidos pela sigla. Além disso, o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) tem incentivado a fusão para concorrer a um novo mandato em 2022. Em contrapartida, por ter a maior bancada da Câmara, com 53 deputados, o que lhe garante a maior fatias do fundo eleitoral em 2022, o PSL deseja a presidência da futura sigla, que ainda não tem nome ou número definidos, mantendo controle sobre o caixa das campanhas.

Correligionários querem o deputado Luciano Bivar (PSL-PE) à frente da nova legenda após a fusão, tendo seu braço-direito no PSL, Antônio Rueda, numa vice-presidência. O atual presidente do DEM, ACM Neto, que deve concorrer ao governo baiano, abriria mão do comando para ser o secretário-geral.

Aliado próximo a Neto, o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB) avaliou como “natural” que um nome do PSL assuma a presidência nacional da sigla, mas ressaltou que ainda é preciso “construir consensos nos estados” para viabilizar a fusão. Na Paraíba, onde o DEM pretende lançar Efraim ao Senado e manter o comando partidário, membros do PSL tentam uma solução que também prestigie o deputado federal Julian Lemos, atual líder do diretório paraibano e amigo de Bivar.

O plano do próprio Bivar de manter as rédeas também em Pernambuco, seu estado natal, abre outra frente de disputa com o DEM, que deve filiar o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), com o projeto de lançá-lo a governador. Coelho é filho do senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo Jair Bolsonaro na Casa.

— As conversas têm acontecido em ritmos diferentes em cada estado. Há um canal aberto entre os presidentes Bivar e Neto, mas não tem data marcada para a fusão. A reunião entre as executivas partidárias no próximo dia 21 é para dar o “start” no processo — afirma Efraim.

Há impasses também nos três maiores colégios eleitorais do país. Em São Paulo, onde o presidente estadual do PSL, Júnior Bozzella, articula uma chapa ao governo junto a lideranças do MBL, o grupo político do vereador paulistano Milton Leite, que encabeça o diretório local do DEM, tende a caminhar com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB).

Em Minas, o DEM ensaia formar um palanque nacional de terceira via com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, enquanto o PSL segue próximo ao bolsonarismo. No Rio, ambos os partidos integram a base do governador Cláudio Castro (PL), mas seus recém-empossados presidentes estaduais — o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (PSL), e o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) — não desejam abrir mão do diretório. Como parte do acordo nacional, o PSL pleiteia o comando em Rio e São Paulo.

Lideranças de ambos os partidos veem a eleição presidencial como outro complicador. No Sul, onde Bolsonaro conserva maior popularidade, deputados receiam que a fusão leve-os a um palanque de oposição. No Espírito Santo, onde o PSL se aliou ao governador Renato Casagrande (PSB), o DEM é adversário da gestão e tem acenado a bolsonaristas.

Para o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que se reaproximou nos últimos meses do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e deve apoiá-lo à reeleição e disputar o Senado, empecilhos locais devem ser superados.

— Onde não houver acordo, veremos quem fez o dever de casa e se manteve fiel às orientações dos partidos.

O Globo

 

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