Maioria dos eleitores anti-Bolsonaro e Lula são de SP

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Foto: Agência Brasil

A terceira via não conseguiu encher duas quadras na Avenida Paulista no último domingo, mas sobrevive como esperança de milhões de eleitores que buscam uma opção viável a Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2022. Existe uma brecha real para um candidato Nem-Nem? A pedido de VEJA, a empresa Quaest produziu o mais detalhado estudo sobre os eleitores Nem-Nem.

Pesquisa nacional realizada entre 26 e 29 de agosto com 2 mil entrevistas mostrou que posto diante de três opções os eleitores se repartiram assim:

45% Lula

23% Bolsonaro

25% Nem Bolsonaro, Nem Lula

Nas condições atuais, Lula está perto de vencer já no primeiro turno, mas o potencial de votos de um candidato Nem-Nem é grande.

Detalhamento da sondagem mostra que a demanda por um candidato Nem-Nem é do Sudeste e Sul:

22% estão em São Paulo

13% Rio de Janeiro

9% em Minas Gerais

7% Rio Grande do Sul e Santa Catarina

6% Paraná

O perfil dos eleitores Nem Nem:

64% trabalham com carteira assinada

56% mulheres

48% idade entre 35 e 60 anos

40% votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2018

48% católicos

39% ensino fundamental

36% tem Superior completo ou incompleto

35% região Sul

34% se informam por portais de notícias

32% ganham mais de 5 salários-mínimos

O eleitor Nem-Nem é tão crítico do governo Bolsonaro quando os lulistas.

70% estão muito preocupados com a pandemia

73% acham que a economia piorou.

Eles têm posturas contrárias aos bolsonaristas em temas como a confiança nas urnas eletrônicas, liberação de posse de arma, direitos das mulheres, debate de sexualidade nas escolas, contra a privatização, reajustes de salários e defesa do SUS.

Quando confrontados com os nomes possíveis, os eleitores se dividem assim:

Ciro Gomes (PDT)

33% conhecem e poderiam votar

53% conhecem e não confiam

11% não conhecem

João Doria (PSDB)

20% conhecem e poderiam votar

57% conhecem e não votariam

19% não conhecem

Eduardo Leite (PSDB)

10% conhecem e poderiam votar

28% conhecem e não votariam

60% não conhecem

Rodrigo Pacheco (PSD)

7% conhecem e poderiam votar

31% conhecem e não votariam

60% não conhece

Simone Tebet (MDB)

5% conhecem e poderiam votar

14% conhecem e não votariam

80% não conhecem

O governador João Doria é conhecido e muito rejeitado. Candidato a presidente pela quarta vez, Ciro Gomes é o mais conhecido e tem alta rejeição. O governador Eduardo Leite e os senadores Rodrigo Pacheco e Simone Tebet são desconhecidos mesmo para os eleitores não querem votar em Lula e Bolsonaro.

Não é um quadro simples. Desde que Lula recuperou os direitos políticos, já desistiram de serem candidatos o ex-ministro Sergio Moro, o apresentador Luciano Huck e o executivo João Amoêdo. Quando confrontados com Lula e Bolsonaro, a terceira via some. Lula fica com 465, Bolsonaro, 26%; Ciro, 8% e Doria, 6%. Faltando pouco mais de um ano para as eleições, a terceira via é uma miragem.

Mas se existe demanda, é provável que haverá oferta. Para crescer, os candidatos a terceira terão de iniciar suas campanhas no Sudeste-Sul e centrar a sua artilharia em Bolsonaro. O antipetismo tosco dos pixulecos já está ocupado pelo bolsonarismo e as ruas no domingo mostraram que alguns movimentos são mais fortes no twitter do que na vida real.

Por duas vezes, a terceira via quase deu certo. Em 2002, o governo Fernando Henrique era tão impopular que o eleitor conservador flertou com Roseana Sarney, Ciro Gomes e Anthony Garotinho e no final votou em Lula. A uma semana do primeiro turno de 2014, Marina Silva tinha um segundo lugar que foi perdido por um péssimo desempenho nos debates e falta de estrutura partidária. Os dois episódios trazem lições. No primeiro caso, só um governo fraco como o de FHC em 2002 permite a possibilidade de sequer chegar ao segundo turno. O exemplo de 2014 mostra que eleições presidenciais são plebiscitárias por natureza. Para chegar a enfrentar Lula num segundo turno, os Nem-Nem primeiro precisam derrotar Bolsonaro.

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