Para chefe militar americano, militares brasileiros não apoiarão Bolsonaro
Foto: Felipe Frazão/Estadão
O almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul, divisão que abrange o Brasil, considera que os militares brasileiros são tão “apolíticos” e “profissionais” quanto os dos Estados Unidos. Para o oficial norte-americano, apesar das tentativas de demonstração de apoio político entre os militares feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e das ameaças de ruptura democrática, sua impressão é de que a cúpula militar brasileira segue um modelo profissional e respeitou a Constituição. Ele acrescentou que militares não devem juramento a nenhum líder político.
“Vejo nas Forças Armadas brasileiras o mesmo profissionalismo e esforço de trabalhar duro todos os dias que nas dos Estados Unidos. Não são perfeitas, mas nos esforçamos para ser éticos e fazer a coisa certa”, disse Faller. “Uma das razões que aprecio em fazer parte das Forças Armadas dos Estados Unidos e de eu ter permanecido por tanto tempo, é porque somos apolíticos. Juramos seguir a Constituição. Quando encontro com minhas contrapartes brasileiras nos últimos três anos, eu acredito que compartilham da mesma visão do que é ser um militar profissional.”
Prestes a encerrar quase 38 anos de serviço ativo nas Forças Armadas norte-americanas, Faller conversou com jornalistas nesta quinta-feira, dia 23, em Brasília, durante sua última viagem ao exterior. Ele se esquivou de responder a perguntas sobre a política doméstica brasileira. Questionado se militares devem tomar parte em manifestações, insistiu que as Forças Armadas têm “natureza apolítica” e não devem juramento a nenhum líder político.
“O propósito das Forças Armadas é apoiar e defender a Constituição, para isso fizemos um juramento. Não é um juramento a nenhum líder. Líderes democraticamente eleitos são, em nossa Constituição, os comandantes-em-chefe, e seguimos as ordens”, disse Faller. “Minha observação sobre as Forças Armadas aqui é que elas seguiram um curso similar no que diz respeito a ouvir a Constituição.”
O almirante está há três anos à frente do Comando Sul, responsável pelas operações no Caribe, América Central e América do Sul. Faller disse que veio ao Brasil discutir novas parcerias, acordos, treinamentos e intercâmbios com a Defesa. Ele visitou autoridades em Brasília e irá palestrar na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro.
A visita ocorre num momento de baixa na relação entre Brasil e Estados Unidos, com a chegada de Joe Biden à presidência. Bolsonaro apoiou abertamente a reeleição de Donald Trump, que foi derrotado, e não teve nenhuma reunião com o americano desde sua posse.
A preocupação entre militares é de que a indiferença com que Biden trata o presidente brasileiro – os dois nem sequer se encontraram em Nova York, onde Bolsonaro foi nesta semana para discursar na Assembleia-Geral da ONU – possa afetar acordos firmados entre as Forças Armadas dos dois países.
A resposta à pandemia da covid-19 também esteve na agenda das conversas com comandantes brasileiros. “A parceria nunca foi tão forte”, afirmou o almirante, evitando entrar no debate sobre a relação política entre os mandatários. Há um exercício conjunto de grande porte sendo preparado para ocorrer no Brasil até o fim do ano.
O comandante reiterou as sinalizações de Washington de que deseja integrar o País à lista de parceiros globais da OTAN no futuro. O governo Donald Trump já designou o Brasil como aliado preferencial extra-OTAN.
“A designação como aliado preferencial extra-OTAN abre as portas para mais cooperação em Defesa com os EUA e vamos dar seguimento a isso, acessar mais treinamentos e equipamentos dos EUA”, disse Faller. “Tornar-se um parceiro da OTAN é uma progressão natural e será uma escolha brasileira. Essa oferta está posta. O Brasil tem Forças Armadas muito capacitadas. Será tão benéfico para os EUA e a OTAN quanto para o Brasil.”
Ao deixar o Comando Sul, ele será substituído pela general do Exército dos EUA Laura Richardson, a primeira mulher na história a comandar esta unidade combatente. A general serviu no Afeganistão e no Iraque.
Faller citou como desafios da região o crime organizado internacional, a pesca ilegal conduzida por chineses e que vem sendo discutida com o Equador, além do narcotráfico, mineração e extração de madeira clandestinas. Os militares vêm conduzindo, segundo Faller, uma série de encontros para identificar e rastrear os fluxos dessas atividades, inclusive no Brasil. Ele citou conversas com autoridades do Peru e Colômbia.
O combate ao contrabando de madeira desmatada na Amazônia e à mineração são uma cobrança constante do governo Joe Biden ao presidente Jair Bolsonaro. Washington cobra resultados concretos do Brasil até a Cúpula do Clima (COP 26), em Glasgow, na Escócia, marcada para novembro.
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