Doria e Leite apostam em traições na Convenção do PSDB

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Foto: Agência O Globo

Além da disputa pelos estados que ainda não definiram quem vão apoiar nas prévias do PSDB, os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, têm atuado para converter dissidentes nas regiões onde os diretórios já anunciaram publicamente seu candidato nas primárias.

Para tentar cooptá-los, os dois têm feito viagens a estados que já fecharam questão sobre a votação interna. Foi o caso de Doria, que esteve em Minas Gerais no último fim de semana. O diretório local, que tem forte influência do deputado Aécio Neves, anunciou adesão a Leite. O governador paulista, porém, conseguiu declaração de voto do deputado federal Domingos Sávio, primeiro vice-presidente nacional do PSDB. Doria ainda contou que prefeitos locais se comprometeram a apoiá-lo, mas apenas um deles apareceu nos eventos realizados no estado no fim de semana.

O diretório paulista, que é comandado por Marcos Vinholi, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, fechou apoio a Doria. Mas Leite conseguiu alguns votos no estado. No dia 25, esteve em São José dos Campos, no Vale do Paraíba. Durante o evento, o gaúcho foi elogiado pelo prefeito tucano Felicio Ramuth, que, porém, não definiu a sua posição. Foi também numa viagem a São Paulo que Leite conseguiu o apoio do líder do PSDB na Câmara Municipal paulista, Xexéu Trípoli.

O gaúcho ainda conquistou o voto do prefeito de Santo André, Paulo Serra, e dos ex-presidente do partido em São Paulo Pedro Tobias e Antonio Carlos Pannunzio. Os dois últimos são próximos do ex-governador Geraldo Alckmin, que se tornou adversário de Doria e deve trocar de partido para disputar o governo.

O governador paulista, por sua vez, também conseguiu uma dissidente de peso no estado de Leite. A ex-governadora gaúcha Yeda Crusius anunciou apoio a Doria no último dia 18. Uma outra estratégia é buscar grandes diretórios municipais. Apesar de o de Santa Catarina ter fechado adesão a Leite, o governador de São Paulo anunciou ter conquistado o apoio do diretório de Joinville, maior município do estado, além da adesão do ex-senador Paulo Bauer. A equipe de Doria já identificou dissidências também no Amapá.

A quantidade de dissidências mostra que o apoio do diretório estadual não garante que todos os filiados e detentores de mandato votarão da mesma forma, o que embaralha ainda mais a disputa entre Doria e Leite.

Conforme as regras aprovadas pela executiva nacional do partido, os votantes das prévias tucanas serão divididos em quatro grupos e cada um deles terá participação de 25% na apuração final. Fazem parte da divisão: filiados (grupo 1); prefeitos e vice-prefeitos (grupo 2); vereadores, deputados estaduais e distritais (grupo 3); e governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, presidente e ex-presidentes da executiva nacional (grupo 4).

Doria teve uma vantagem inicial por comandar o maior estado do país, onde está a maior parte dos filiados ao PSDB, um dos quatro grupos do colégio eleitoral tucano. Além de São Paulo, ele ganhou o apoio formal de outros quatro estados: Pará, Distrito Federal, Acre e Tocantins. Por outro lado, Leite já conseguiu o apoio de oito diretórios estaduais: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas, Bahia, Alagoas, Ceará e Amapá.

Os demais estados ainda não se posicionaram.

O terceiro nome inscrito nas prévias, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio afirmou ontem que não pretende abandonar a disputa, como fez o senador Tasso Jeireissati (CE), em apoio a Liete. Virgílio disse ainda que quem perder deve ficar no partido e ajudar na campanha.

Ontem, Doria admitiu no programa “Amarelas On Air”, da revista “Veja”, que, para unir a terceira via, aceitaria desistir da candidatura à Presidência em favor dos ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, com quem se reuniu na semana passada, mesmo que venha a ser escolhido nas prévias do PSDB:

— Sou um patriota acima de tudo. Não estou na política por um projeto pessoal. Se ficarmos fracionados, não teremos terceira via. Teremos Lula ou Bolsonaro sucedendo a esse governo, o que seria um desastre. Se tivermos mais um governo populista o Brasil não vai resistir.

O Globo

 

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