Mercado afirma que teto de gastos reduz inflação e gera crescimento (?!!)

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O resultado do drible no teto de gastos é que o país fica mais pobre, com mais inflação e menos atividade econômica. Os preços do mercado estão apenas se ajustando a esta nova realidade, com alta no risco país e pressão na cotação do dólar, juros mais altos e a bolsa em nível mais baixo.

O Bolsa Família turbinado, em tese, deveria ajudar a sustentar a atividade econômica. O governo está distribuindo dinheiro à população que mais precisa – de forma justa, sem dúvida – e que é a com mais propensão a gastar.

Mas a falta de financiamento adequado ao programa, e os outras despesas que entraram no trem da alegria criado pelo “waiver para gastar” concedido pelo ministro Paulo Guedes (Economia), produz o que os economistas chamam de choque de incerteza econômica. Há impactos na inflação e na taxa de crescimento.

O que prevalece? O Banco Central fez os cálculos em 2018, simulando nos seus modelos o que acontece na economia. A alta de incerteza econômica leva ao aperto das condições financeiras (câmbio, juros de mercado, preço das ações na bolsa, risco país) e provoca a desaceleração econômica.

Em tese, esse choque na atividade deveria ser desinflacionário. Mas essas mesmas forças atuam na direção de aumentar a inflação. A alta dos prêmios de risco leva à depreciação cambial, que, por sua vez, provoca inflação. As expectativas de inflação também se elevam, com um número maior de formadores de preços que não acreditam que o Banco Central será capaz de cumprir a meta de inflação.

Para piorar, os impactos na inflação e na atividade ocorrem em tempos diferentes. Num primeiro momento, a inflação sobe mais forte, puxada pela taxa de câmbio, em uma questão de poucos trimestres. A força de baixa da inflação, provocada pela queda da atividade, ocorre apenas mais tarde – e o impacto continua a ser liquidamente inflacionário, numa proporção de 10 para 1.

“Os impactos inflacionários do câmbio tendem a ser mais significativos do que os efeitos desinflacionários da incerteza e do prêmio de risco que atuam por meio do hiato do produto”, diz esse estudo do Banco Central, referindo-se ao nome técnico para a ociosidade da economia.

O resumo de tudo isso é que, além do aperto nas condições financeiras causado pelo choque de incerteza fiscal, o Banco Central tem que apertar mais os juros, derrubando ainda mais a economia para cumprir as metas de inflação. É por isso que, nos últimos dias, as apostas do mercado financeiro para o ciclo de alta de juros começaram a subir para o patamar de dois dígitos. O ritmo de alta também tende a ser mais forte, o que aumenta o risco de efeito além do desejado para esfriar a economia.

Quanto de juro vai ser preciso? É uma conta que, provavelmente, será refeita ao longo do tempo. Um exercício feito pelo Banco Central no Relatório de Inflação de março mostra que um repeteco da crise do governo Dilma poderia acelerar a inflação em 2,4 pontos percentuais em dois anos, depois de um pico de 3,1 ponto percentuais.

Por ora, o impacto nos mercados do drible do teto de gastos tem sido mais contido do que no período Dilma, então provavelmente o estrago na inflação é uma parcela disso. O câmbio, na época, andou 58%, descontado o efeito da queda dos preços de commodities.

Agora, o câmbio andou cerca de 8,5%, considerando a cotação do dólar de R$ 5,25 de uns dias atrás para o patamar de R$ 5,70 que se encontra agora. O Banco Central tem poucas opções para trazer o câmbio para abaixo: se interviesse pesado, vendendo dólares, apenas impediria temporariamente que a taxa atingisse seu novo valor de equilíbrio.

Esses cálculos, porém, são menos precisos do que aparenta. Não se sabe se a taxa de câmbio vai parar por aí. Sempre há a chance que o clima se acalme e recue. No mercado financeiro, no entanto, está se consolidando o consenso de que houve uma mudança de regime fiscal. Com a principal âncora das contas públicas sob questão, a economia fica mais vulnerável às incertezas do período eleitoral.

Valor Econômico  

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