PP diz que Bolsonaro volta ao partido em novembro

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Foto: Alan Santos/PR

A cúpula do Progressistas (PP) dá como certa a volta do presidente Jair Bolsonaro aos quadros da legenda em novembro. Mas a legenda não deve absorver todos os deputados bolsonaristas, que devem se dividir entre o próprio PP, o PTB e o PSC para disputar a eleição no ano que vem.

Além disso, com a resistência de alguns grupos do partido, Bolsonaro também conversa com o PL e o PTB como alternativas para concorrer à reeleição no ano que vem.

Nas últimas semanas, dirigentes do PP conversaram com setores ainda resistentes ao retorno de Bolsonaro aos quadros da sigla, inclusive o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os principais focos de resistência continuam sendo as bancadas do Nordeste e o Rio de Janeiro, base eleitoral do presidente.

Um dirigente da legenda disse que é “99% certo” que o presidente se filie ao partido. A adesão de pelo menos uma parcela dos deputados bolsonaristas que estão no PSL é esperada para março, quando abrir a janela partidária, e com ela, a temporada de troca-troca partidário.

Também na janela partidária são aguardadas as filiações de dois ministros: Fábio Faria, das Comunicações, hoje no PSD; e Tereza Cristina, da Agricultura, que vai deixar o DEM. Fábio Faria divide a linha de frente das articulações para levar Bolsonaro de volta ao PP, ao lado do ministro-chefe da Casa Civil e presidente licenciado da legenda, Ciro Nogueira.

Ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles também deve se filiar à legenda junto com o presidente e parte de seu grupo.

Há cerca de três meses, Nogueira ainda estava em tratativas com a cúpula do PSL para viabilizar a fusão da sigla com o PP. Estava nos planos do ministro e do presidente da Câmara, Arthur Lira, formarem a maior bancada da Casa, com mais de 100 deputados. No entanto, as negociações não avançaram, e o PSL formalizará nesta semana a fusão com o Democratas (DEM).

Diante desse cenário, o Valor apurou com fontes do PP que Nogueira e outras lideranças da sigla acreditam que Bolsonaro será um grande puxador de votos e ajudará a eleger uma bancada expressiva de deputados federais. Esse é o principal projeto de Nogueira, para assegurar a reeleição de Lira ao comando da Câmara. Mesmo se Bolsonaro não se reeleger, o presidente tem uma base eleitoral fiel avaliada no partido como de pelo menos 25% do eleitorado, o que, por si, impulsionará a eleição de deputados federais.

O deputado federal Bibo Nunes, do PSL do Rio Grande do Sul, confirmou ao Valor que está conversando com a cúpula do PP sobre a migração para a legenda na janela partidária. Ele ressaltou, entretanto, que a bancada de deputados bolsonaristas não deve migrar integralmente ao PP. É possível que haja uma divisão dos deputados entre as três principais legendas da base governista: o próprio PP, o PTB e o PSC.

O Valor apurou que Arthur Lira não está mais resistente à filiação de Bolsonaro. A leitura de aliados do presidente da Câmara é que eventual derrota de Bolsonaro na eleição presidencial poderia prejudicar a recondução do alagoano à presidência da Câmara. No entanto, Lira tem liderança própria, e se consolidar uma base expressiva de apoio à sua reeleição na Casa, seus aliados afirmam que seria possível construir pontes com o novo presidente da República que vencer o pleito de 2022.

Um representante do PP do Nordeste afirma que a filiação de Bolsonaro não prejudica a campanha dos deputados federais e estaduais da legenda naquela região.

Quem tiver de subir no palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera com folga a disputa na região, não será impedido pelo partido. Este parlamentar ponderou, todavia, que a vinda de Bolsonaro poderá trazer dificuldades para o candidato de Ciro Nogueira ao governo do Piauí. No Estado, o PT de Lula e do governador Wellington Dias é hegemônico há 19 anos.

Um aliado próximo de Bolsonaro, além disso, pondera que o grupo do presidente não quer permitir que candidatos pela legenda subam ao palanque com Lula.

“Se tiver que subir no palanque com o governador, ainda que seja do PT, tudo bem. Mas não dá para ser do partido do Bolsonaro e apoiar o Lula”, afirmou.

Sobre impasses no diretório do Rio de Janeiro, fontes da cúpula do PP afirmam que estão sendo tratados com atenção. O presidente de honra da sigla no Rio é o ex-ministro Francisco Dornelles. O presidente do diretório é o deputado federal Luiz Antônio Teixeira, o Doutor Luizinho.

Todos os interlocutores do presidente com quem o Valor conversou afirmam que a filiação ao PP ainda não está fechada. Um deles diz que há conversas com o PL, partido da ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo). Entretanto, o acerto é dificultado por alianças locais da legenda comandada por Valdemar Costa Neto. Em São Paulo, por exemplo, a sigla já teria um acordo fechado com o grupo do governador João Doria.

Outra alternativa é o PTB de Roberto Jefferson. Mas, de acordo com esse interlocutor, Bolsonaro não quer ir para uma legenda rachada por disputas internas, como a que envolve a filha de Jefferson, a deputada Cristiane Brasil (RJ), e a presidente interina da sigla, Graciela Nienov.

O PP foi o partido onde Bolsonaro permaneceu mais tempo em sua trajetória política: 11 anos. Ele nunca teve desavenças internas na legenda, mas trocou a sigla pelo PSC em 2016 para disputar a Presidência da República. Ao fim, ele concorreu pelo PSL. Bolsonaro foi filiado ao PP de 2005 até 2016. No total, ele já foi filiado a oito legendas: PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PSC e PSL, além do PP.

Valor Econômico

 

 

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