Renan evita jantar do MDB com Lula por ser relator da CPI
Foto: Adriano Machado/Reuters / Adriano Machado/Reuters
Sem a presença de caciques da velha guarda do MDB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido em um jantar na casa de Eunício Oliveira (MDB), ex-presidente do Senado, nesta quarta-feira, em Brasília, onde faz conversas políticas desde domingo para as eleições de 2022. À tarde, o petista se reuniu com o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SD-SP), que o aconselhou a trabalhar por uma frente suprapartidária na Câmara e, com isso, enfraquecer o presidente Jair Bolsonaro na corrida à Presidência da República no ano que vem.
Um dia após ouvir do mandatário do PSD, Gilberto Kassab, que a legenda lançará o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao Palácio do Planalto, Lula pregou a Paulinho da Força que não acredita na ascensão de um nome da chamada terceira via, como alternativa à polarização dele com Bolsonaro. Os dois são favoritos para chegar ao segundo turno, segundo as pesquisas de opinião. O petista adotou tom moderado ao falar do seu principal adversário, lembrando que Bolsonaro detém um eleitorado cativo capaz de mantê-lo competitivo no ano que vem, apesar de sua baixa popularidade.
Lula está há quatro dias em Brasília dedicado a costuras políticas. Ele já se reuniu com integrantes de PSB, PCdoB, PROS, PSOL, Solidariedade e MDB. No jantar, estava acompanhado dos deputados petistas Paulo Teixeira (SP), José Guimarães (CE) e Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, além do ex-ministro Luiz Dulci e do senador Paulo Rocha. Já pelo MDB, compareceram os senadores Veneziano Vital do Rego (PB), Nilda Gondim (PB) e Marcelo Castro (PI), além do deputado Walter Alves (RN), do ex-ministro Edson Lobão (MA) e do também ex-senador Lobão Filho (MA).
Os participantes do jantar classificaram o encontro como um “bate-papo descontraído”. Lula contou histórias de situações de seus oito anos de governo, evitou discutir estratégias de alianças nos estados e voltou a falar da preocupação com a fome no Brasil. Essa tem sido uma das preocupações centrais do petista nas conversas por Brasília.
O jantar, contudo, foi marcado pelas ausências. Não apareceram no encontro nomes como o dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM). Integrantes da CPI da Covid, ambos justificaram que preferiram não ir ao evento para não “contaminar” aa votação do relatório final da comissão, que deverá ser votado daqui a duas semanas. Relator da CPI, Renan já declarou que irá pedir o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro pela condução da pandemia. Os senadores Garibaldi Filho (MDB-RN) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) também declinaram do convite.
Ex-ministro da Previdência Social do primeiro governo de Lula, em 2005, o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) também avisou a Eunício Oliveira que está rodando o interior de Roraima e não conseguiria participar do jantar. No Twitter, Jucá postou foto ao lado dos prefeitos de Mucajaí (RR) e de São Luiz (RR). O ex-presidente José Sarney (MDB-MA) foi outro que não apareceu, em consequência do estado de saúde da sua mulher, Marly, que está internada no Maranhão.
Já o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MD-DF), presença dada como certa num primeiro momento, alegou que participaria de reuniões partidárias no MDB –DF para faltar ao encontro. Ibaneis é aliado do presidente Jair Bolsonaro. Segundo interlocutores, o governador fez questão de ligar para o petista para justificar a ausência.
Um grupo pequeno de manifestantes levou faixas para a porta da casa de Eunício. Os cartazes pediam respeito a ex-presidente Dilma e diziam que Lula estava jantando com aqueles que “deram um golpe” no PT, referindo-se ao impeachment que tirou a petista do poder.
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