Alckmin e Kassab levam histórico de brigas para dentro do PSD

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Foto: AE/VEJA

A costura de uma aliança entre o ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-ministro Gilberto Kassab para a disputa do governo de São Paulo em 2022 sinaliza uma parceria eleitoral que teve dificuldades para se concretizar ao longo dos últimos 15 anos. A filiação de Alckmin, que está de saída do PSDB, ainda não foi anunciada oficialmente, mas há um compromisso do PSD de apoio à candidatura do ex-governador mesmo que ele não se filie à legenda.

Nas campanhas de 2008 e 2014, as tentativas de aproximação entre os dois resultaram em desentendimentos, e em alguns casos em confronto aberto. Kassab e Alckmin disputaram a Prefeitura de São Paulo em 2008, e os ataques durante a corrida eleitoral azedaram a relação entre os dois por anos. À época, Kassab era prefeito da capital paulista e filiado ao DEM, partido que mantinha uma estreita aliança com o PSDB. Ele havia chegado ao cargo após ser eleito como vice de José Serra, que deixou a prefeitura para concorrer a governador.

A campanha à reeleição de Kassab contava com apoio de vereadores do PSDB, e o racha com apoiadores de Alckmin durou até o final do primeiro turno – quando o tucano acabou em terceiro lugar, atrás de Kassab e Marta Suplicy. A disputa contou com ataques pessoais do ex-governador contra Kassab e processos nos tribunais eleitorais. Alckmin criticava alianças políticas do prefeito e chegou a dizer que sua candidatura a vice na chapa de Serra havia sido resultado de uma pressão política de última hora – um “golpe”, nas palavras do ex-governador –, e que a aliança era indesejada. A história foi prontamente negada pelo próprio Serra, mas deu o tom de ataques até o final da disputa, mesmo com uma tentativa de tucanos de baixar a temperatura. Quando Kassab passou ao segundo turno, Alckmin acabou declarando apoio ao candidato do DEM.

Com o racha na bancada da Câmara Municipal de São Paulo, Kassab conseguiu ampliar sua influência em território tucano. Em 2011, quando criou o PSD, o então prefeito da capital conseguiu filiar seis dos 13 vereadores do PSDB daquela legislatura – o que ampliou os desentendimentos. Alckmin, que tinha como vice Guilherme Afif, do PSD, chegou a defender mudanças na legislação eleitoral para dificultar a abertura de novos partidos.

Na eleição municipal de 2012, a aliança entre PSD e PSDB ocorreu apesar de disputas entre os dois. Kassab conseguiu emplacar o candidato a vice na chapa de José Serra, após Alckmin recusar qualquer possibilidade de os tucanos cederem a cabeça de chapa.

As eleições seguintes também tiveram um ensaio de aproximação que não vingou. Alckmin chegou a convidar formalmente Kassab para disputar uma vaga ao Senado pela coalizão do PSDB, mas a negociação fracassou porque tucanos também queriam a vaga. Quando Alckmin concorria à reeleição, Kassab decidiu de última hora apoiar a candidatura de Paulo Skaf, à época presidente da Fiesp (Federação de Indústrias do Estado de São Paulo). A disputa não passou incólume dos ataques: Alckmin chegou a dizer em propagandas que Skaf, seu adversário, “escondia” o fato de ser aliado de Kassab.

As diferenças foram superadas nas eleições de 2018: após uma longa aproximação, o PSD formalizou o apoio à candidatura de Alckmin à Presidência da República naquele ano. À época, tanto o PSD quanto o PSDB integravam o governo de Michel Temer.

Agora, Kassab já promete que seu partido apoiará “incondicionalmente” qualquer candidatura de Alckmin, independentemente do partido no qual o ex-governador decida se filiar. Esse compromisso foi anunciado em setembro, em um evento que também contou com a presença de Skaf e do ex-governador Márcio França (PSB), aliado e ex-vice de Alckmin. Desde então, com a saída do PSDB já dada como certa, Alckmin manteve diálogo tanto com o PSD quanto com o União Brasil, partido que resultará da fusão entre DEM e PSL.

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