Alcolumbre se recusa a deixar a CCJ do Senado
Foto: Pedro França
Apesar da pressão de líderes evangélicos e de alguns senadores, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), avisou a interlocutores que não vai abrir mão do controle do colegiado – um dos mais importantes da Casa. No Senado, Alcolumbre atribui a pressão pelo seu afastamento à bancada do Podemos, partido com qual sempre trocou farpas.
A ideia é que, nas próximas semanas, Alcolumbre use a tribuna do Senado para se defender das acusações de “rachadinha” de que foi alvo no feriado. Além disso, ele ainda resiste em pautar a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) no fim do mês, quando haverá o tradicional “esforço concentrado” para votação de autoridades e embaixadores.
O Valor apurou que Alcolumbre tem discutido as denúncias que pesam contra ele com sua equipe jurídica e pretende apresentar esclarecimentos sobre o caso. Diante do plenário, ele irá rechaçar qualquer participação nesse tipo de esquema. Não ficou definido, porém, em que data o senador irá se defender publicamente. Uma das possibilidades é que isso possa acontecer na semana que vem.
A denúncia de “rachadinha” veio à tona por meio de reportagem da revista “Veja”. De acordo com a publicação, o senador teria empregado funcionárias fantasmas, seis mulheres, que tinham obrigação de devolver a maior parte do salário que recebiam a ele.
Na avaliação de aliados de Alcolumbre, não há elementos jurídicos que possam embasar seu afastamento da CCJ. Para esses interlocutores, isso só poderia acontecer a partir de uma investigação e de eventual processo de quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa, o que ainda está longe de acontecer. O senador do Amapá também diz a pessoas próximas que está recebendo apoio de uma série de aliados. As exceções seriam os senadores do Podemos e o vice-líder do governo na Casa, senador Carlos Viana (PSD-MG).
Recentemente, Alcolumbre também afirmou a pessoas próximas que já está aguardando “novos ataques” e “supostas denúncias” contra ele. No discurso que pretende fazer aos colegas, o presidente da CCJ promete expor a “origem” dessas ameaças e acusações. Para o senador do Amapá, tudo é parte de uma operação “orquestrada” porque ele vem se recusando a colocar o nome de Mendonça em votação desde julho.
Com o impasse, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) voltou a defender ontem que a Casa resolva o caso até o fim do ano. “Nos aproximamos do fim do ano, é importante que cheguemos ao fim do ano com essas sabatinas realizadas, com esses nomes apreciados”, afirmou Pacheco.
Segundo Pacheco, o presidente da CCJ está “ciente” dessa necessidade. “O senador Davi Alcolumbre está ciente do esforço concentrado, assim como todos os demais senadores, inclusive os presidentes das demais comissões. Eu acredito muito que as comissões vão realizar sabatinas, nós vamos poder apresentar os nomes no plenário”, completou Pacheco.
Bolsonaro optou por Mendonça por ter prometido a indicação de um ministro “terrivelmente evangélico” a aliados desse segmento – um dos interessados na escolha é o Pastor Silas Malafaia.
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