Moro é um Bolsonaro de banho tomado
Foto: Evaristo Sá/ Internet
O que não se pode dizer de Sergio Moro, o político, é que não possui um projeto de país, porque o possui.
Moro é perigoso por ser um Bolsonaro que sabe usar garfo e faca: veste roupagem palatável a uma elite autoritária, mas envergonhada. Ao andar de cima, incorpora retórica privatista que soa como violino num Titanic afundando. Ao andar de baixo, apela para um sentimento anti-estado, mas punitivista que encanta uma classe média que se vê como pobre e uma classe pobre que se vê como empreendedora.
Moro, o candidato, põe uma focinheira no bolsonarismo, mas esquece a coleira: mantém vivo o radicalismo messiânico do qual é parte, mas coopta para si a fala mansa. Moro não ganhará a eleição, mas sabiamente se entranha no espaço ideológico que a direita democrática tucana deixou vago ao se deixar seduzir pelo bolsonarismo.
A diferença entre Sergio Moro e Jair Bolsonaro não é de espécie, mas de tom. Discurso de Moro é uma radiografia perfeita do lavajatismo. Personalista porque messiânico onde o líder se vê com poderes bíblicos (“eu lutaria sozinho pelo Brasil e pela Justiça. Seria Davi contra Golias”).
Populista porque desconfiado das instituições (“é a máquina pública voltada para si mesma”). Moralista porque quer ser visto em oposição a um mundo de políticos degenerados (“não tenho uma carreira política”). Neoliberal de apelo populista, porque prega meritocracia num país de desigualdade abismal (“acreditamos no potencial de cada um”), apela para o social (“erradicar a pobreza”) mas, ao desmontar o estado, não oferece alternativas senão o vácuo (“reformar nosso sistema confuso de impostos”).
O país está, agora, diante de um presidenciável que une conservadorismo, sebastianismo, neoliberalismo num terno alinhado. Não há nada mais perigoso do que quem prega não fazer política fazendo-a. Moro é o anti-herói que, se não diz como Bolsonaro que fuzilará seus oponentes, escreve o excludente de ilicitude que nos levará para a mesma vala.
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