Moro quer apoio de Mandetta, que já desistiu da Presidência
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) informou ao comando do União Brasil, partido que será formado a partir da fusão entre DEM e PSL, que não deseja mais disputar a Presidência da República em 2022. Em reunião com a cúpula do partido, Mandetta afirmou que prefere concorrer a um cargo legislativo no Mato Grosso do Sul. A saída da lista de presidenciáveis abre caminho para que o União Brasil apoie outro nome da chamada “terceira via” para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, e o atual presidente, Jair Bolsonaro, que aparece em segundo.
Segundo o presidente do PSL (que vai presidir também o União Brasil), Luciano Bivar, a sigla agora discute apoiar um desses três nomes da terceira via: o ex-ministro Sérgio Moro, do Podemos; o candidato do PSDB, que ainda definirá nas prévias entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS); ou o MDB, que vai lançar a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS). Também não está descartada uma candidatura própria, mas hoje não há um nome.
“Estamos vendo quem aceitará efetivamente ser o candidato. Estamos considerando também outras candidaturas (de outros partidos), como a gente pode se agrupar, com o MDB, o PSDB e o Podemos”, disse Bivar ao Estadão. A desistência de Mandetta foi antecipada pelo site Poder 360.
Inicialmente, a fusão DEM-PSL tinha três pré-candidatos à Presidência. O apresentador José Luiz Datena previa se filiar ao PSL e foi apontado como pré-candidato em 2022. Assim como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que era do DEM, e também cotado como presidenciável. Pacheco se filiou ao PSD e Datena deve seguir o mesmo destino.
Para o vice-presidente do PSL, o deputado Júnior Bozzella (SP), o apoio do União Brasil ao ex-juiz da Lava Jato é o mais provável. “Sem Pacheco, sem Datena e sem Mandetta, não consigo ver alternativa”, afirmou. Segundo o parlamentar, o próprio Mandetta é um dos entusiastas do apoio da sigla a Moro.
Como forma de abrir espaço para o ex-juiz na legenda, Bozzella organizou na quarta-feira, 24, um jantar em Brasília com Moro e alguns deputados do PSL. Entre os participantes estavam Dayanne Pimentel (PSL-BA), Julian Lemos (PSL-PB) e Felício Laterça (PSL-RJ). “Eu quero tirar o Bolsonaro do segundo turno, sou pragmático, quero o melhor para o País, e ganhar do Lula. Só tem um jeito de ganhar do Lula, os partidos estarem unidos em nome de alguém que tenha densidade”, disse Bozella.
Com a desistência de Mandetta, comunicada ao partido na última terça-feira, não há nenhum outro integrante do União Brasil que apresente publicamente a intenção de concorrer à sucessão de Bolsonaro. Com isso, dos 11 nomes até então na disputa, o número deve cair para 9 – contando com apenas um nome do PSDB. Estão ainda no páreo: Lula (PT), Bolsonaro, Moro (Podemos), Simone (MDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), os senadores Rodrigo Pacheco (PSD), Alessandro Vieira (Cidadania), o cientista político Luiz Felipe d’Avila (Novo), além de um nome do PSDB (Doria ou Leite).
O apoio do União Brasil a alguma dessas candidaturas deve ser um dos mais disputados porque terá em 2022 a maior fatia do Fundo Eleitoral, dinheiro público usado para financiar campanhas. O valor ainda não está definido.
Moro entrou na política partidária no último dia 10 de novembro. Com menos de um mês de filiação, ele já busca alianças com outras legendas e tem procurado diálogo tanto com o União Brasil como outras siglas, como Novo, Patriota, Cidadania e Republicanos.
Em evento em São Paulo no sábado, 20, o ex-juiz disse que mantém diálogo com outros presidenciáveis da chamada “terceira via” em busca de união. “Eu tenho conversado com todos os nomes, acho que a união deve ser feita em cima de um projeto consistente para o País”, disse, ao participar do Congresso do Movimento Brasil Livre (MBL). “Queremos aglutinar, trazer outras pessoas, somar e evitar extremos”, afirmou, após ser apresentado à plateia como “próximo presidente do Brasil”.
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