Weintraub sinaliza desistência de candidatura a governador de SP
Foto: Reprodução
A costura política para dar um palanque ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo na eleição do ano que vem está gerando ressentimento entre alguns de seus aliados. Quem mais ameaça desafinar é uma figura conhecida por fazer barulho sem se importar muito com as consequências, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.
Desde que deixou a pasta, no ano passado, após comprar briga com o Supremo Tribunal Federal, Weintraub vive em Washington (EUA), onde trabalha no Banco Mundial, por indicação do governo Bolsonaro.
Mesmo distante, mantém-se atuante nas redes sociais, e segue fielmente o lema que adotou: “Meu Twitter, minhas regras”. Isso inclui críticas que vem fazendo há tempos sobre a falta de comprometimento de alguns setores do governo com a agenda conservadora, embora sempre poupando Bolsonaro pessoalmente.
A rebeldia de Weintraub ganhou novo impulso na semana passada, quando ele escancarou sua mágoa por estar sendo preterido de um projeto que acalenta há tempos, o de ser o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo em 2022.
Na última sexta-feira (26), ele escreveu que estava acostumado a não ser o “queridinho”, mas que no final sempre vencia e não tinha medo de enfrentar times maiores.
Na base bolsonarista, o recado foi entendido como uma insatisfação com a articulação capitaneada pelo próprio Bolsonaro para fazer do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, candidato ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.
Nem a vaga ao Senado estaria reservada para Weintraub, já que há dois nomes à frente dele na preferência do presidente: o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e a deputada estadual Janaina Paschoal.
A um apoiador que comentou que Weintraub deveria conversar com Tarcísio e Salles, o ex-ministro da Educação posou de vítima: “Precisa bater em mim? Não há limite? Tudo é justificado?”, escreveu, sem detalhar que tipo de ataque estaria sofrendo.
Em resposta a outro comentário, de que estaria sendo ingrato com o capitão, Weintraub respondeu: “Nunca levantei minha mão contra o presidente Bolsonaro”.
Ainda na sexta -feira (26), incomodado com as cobranças por lealdade, o ex-ministro fez novo desabafo.
Weintraub foi procurado pelo blog, mas não se manifestou.
Entre apoiadores de Bolsonaro, há um misto de impaciência e preocupação com as manifestações de Weintraub. Sua candidatura a um cargo majoritária é tida como inviável, em razão do próprio perfil do ex-ministro: boquirroto, dado a piadinhas infames, e com gosto pela polêmica. Sua gestão na Educação, tida como ideológica e com poucos resultados a mostrar, não é um bom cartão de visitas.
Em comparação, Tarcísio é avaliado com um dos melhores e mais técnicos quadros do governo, à frente de um ambicioso programa de concessões. Isso poderia dar a Bolsonaro um palanque mais sólido e com menor potencial de causar embaraços.
Ao mesmo tempo, Weintraub é tido até por amigos como um fio desencapado. Há receio de que, frustrado. ele aumente o tom das queixas públicas e até se lance em uma aventura eleitoral independente, por algum partido pequeno, dividindo o eleitorado bolsonarista no maior estado do país.
Bombeiros já estão atuando para tentar acalmar a situação. Uma saída seria oferecer a Weintraub uma campanha com boa estrutura para a disputa da Câmara dos Deputados. Ninguém se arrisca a prever, no entanto, se o irritado ex-ministro aceitará algo menos do que a disputa por um cargo majoritário.
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