Bolsonaro impede que governador do Rio se desloque para o centro

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Foto: Reprodução

O ingresso do presidente Jair Bolsonaro no PL amarrou o governador do Rio, Cláudio Castro, à sua candidatura no plano nacional e limitou seu sonhado movimento para o centro em busca da reeleição.

Por intermédio do primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL), o presidente da República avisou a Castro que quer exclusividade em seu palanque no Rio.

Segundo aliados, Bolsonaro não se opõe à amplitude de alianças do governador, que hoje inclui partidos que lançarão outros candidatos ao Palácio do Planalto, desde que não divida espaço em material de campanha com outros presidenciáveis.

Castro disse, em resposta, que deve seu mandato ao clã Bolsonaro. O governador –que é alvo de inquérito no Ministério Público do Rio– era vice de Wilson Witzel. Assumiu o governo do Estado após impeachment do titular em maio de 2021.

No mesmo mês, o governador filiou-se ao PL seis meses antes do presidente. Em maio de 2021, o PP era apontado como destino partidário de Bolsonaro.

Após assumir o Governo do Rio de Janeiro como refém da família Bolsonaro, já que precisava de apoio político e financeiro, Castro parecia ter conseguido reduzir sua dependência do clã ao obter bilhões com a privatização da Cedae e ao estabelecer diálogo com partidos e líderes da direita à esquerda.

Embora nunca tenha deixado de ser um aliado de Bolsonaro, o governador também vinha tentando se consolidar como um político moderado, mais do que um produto do bolsonarismo. Agora Castro terá que andar lado a lado com o presidente, figura mais representativa da direita mais radical do país.

Buscando fortalecer seu nome junto aos eleitores, Castro lançou um grande pacote de obras com os recursos da Cedae. Há alguns meses, interlocutores diziam que a ideia era que o presidente passasse a depender do governador, e não mais o contrário.

Para garantir sustentação política, Castro manteve diálogos frequentes e buscou construir pontes com líderes de todos os espectros ideológicos, desde o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, o petista André Ceciliano, até o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD).

Na quinta-feira (16), Castro, Paes e Ceciliano participaram de almoço promovido pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) em clima de cordialidade, segundo participantes.

O governador também realizou diversas trocas no secretariado para atrair e fidelizar partidos em sua aliança para a reeleição. Aliados avaliam que ele conta com 16 legendas em seu palanque.

Em sua base, Castro tem siglas como o PSDB de João Doria, o Podemos de Sergio Moro e a União Brasil (fusão do DEM com o PSL), que flerta com o ex-juiz. Os presidenciáveis precisam de palanques sólidos nos estados, e o Rio é o terceiro maior colégio eleitoral do país.

Presidente do PSDB, Bruno Araújo diz que não há a “menor chance” de não se garantir um palanque para Doria –a prioridade será o projeto nacional.

Ele afirma que, quando o partido ingressou no governo estadual, deixou claro para Castro que “o posicionamento no Rio seria tomado no momento apropriado, em absoluta conexão com o projeto da candidatura presidencial”.

Já o Podemos deve continuar na base de Castro mesmo que isso signifique que Moro não terá um candidato a governador que o ofereça um palanque no Rio. É o que afirma Patrique Welber, presidente estadual da legenda e secretário de Trabalho e Renda de Castro.

“Em julho a presidente do partido [a deputada federal Renata Abreu] apertou a mão do Cláudio e se comprometendo a apoiá-lo. Vamos honrar o compromisso”, diz.

Welber afirma que Abreu reiterou essa posição em almoço na quinta-feira (9), dia em que Moro esteve no Rio participando de alguns eventos. A solução do partido, segundo o secretário, será lançar um candidato avulso ao Senado que possa dar sustentação para a campanha do ex-juiz no estado.

Aliados contam que o governador montou sua estratégia de campanha imaginando que Bolsonaro se filiaria ao PP e que, com isso, poderia continuar a transitar com fluidez entre os partidos.

Prefeito de Belford Roxo e cotado para vice de Castro, Waguinho diz que o governador se precipitou ao ingressar no PL. “Cláudio se precipitou e acho que está arrependido. Se perceber lá na frente que corre o risco de não se reeleger por causa disso, ele pode até trocar de partido”, diz.

Castro tem dito a aliados, porém, que sair da legenda seria desleal, e que ele não é ingrato. O governador não quer repetir os passos de seu antecessor “impichado”, Wilson Witzel, que elegeu-se na onda bolsonarista, mas rompeu com a família presidencial ao sonhar com o Planalto.

Presidente do PSL-RJ, Waguinho também afirma que a União Brasil pode deixar a aliança de Castro por estar insatisfeita com a falta de espaço. “O partido não consegue nomear ninguém”, diz.

Oficialmente, o governador nega que a entrada de Bolsonaro na legenda tenha atrapalhado seus planos. “Aqui no estado quem toca nossa política somos nós. Foi muito bem-vindo, não tenho dúvidas de que está todo mundo feliz e que só vai ajudar”, disse a jornalistas na terça-feira (7).

A filiação de Bolsonaro ao PL também deve frustrar uma espécie de pacto de não agressão que vinha sendo costurado entre Castro e parte do PT. O governador é próximo ao deputado André Ceciliano, que deve concorrer ao Senado contra Romário (PL), agora na chapa de Castro.

O PT discute apoiar Marcelo Freixo (PSB) ao Governo do Rio, mas o voto contrário do deputado federal à PEC que aumentaria a influência do Congresso sobre o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) serviu de pretexto para petistas que defendem uma aliança informal com Castro minarem sua imagem junto ao ex-presidente Lula.

Porém, com Bolsonaro colado no governador, o cenário muda. Além disso, como as negociações entre PT e PSB no plano nacional envolvem alianças regionais, entre elas no Rio de Janeiro, o partido do ex-presidente Lula também não pode escantear Freixo.

Diante da indefinição das alianças no plano nacional, na disputa estadual ainda é uma incógnita quem será, lá na frente, o nome defendido pelo prefeito Eduardo Paes, hoje a principal figura política local.

Paes reafirmou à Folha que seu candidato será o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, mas nos bastidores comenta-se que a candidatura pode não ir adiante e que esse apoio seria, portanto, temporário.

Aliados do prefeito afirmam que ele não firmará qualquer tipo de aliança com Castro. A avaliação é de que Paes precisa apoiar um candidato próprio para se fortalecer como político, deixando a condição de afilhado –como foi de César Maia e de Sérgio Cabral– e tornando-se um padrinho.

A definição do candidato do prefeito também dependerá de qual aliança o PSD firmará para a eleição presidencial. Hoje o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), é o indicado do partido, mas isso também pode mudar.

Folha  

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