Bolsonaro perde audiência nas lives por surtar menos
Foto: Editoria de Arte
Pressionado a abandonar o discurso incendiário que adotou durante boa parte do ano, com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e atitudes negacionistas sobre a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro está perdendo audiência na internet. Um levantamento feito pelo GLOBO nas visualizações e engajamento de todas as suas transmissões semanais de Bolsonaro em 2021 indica que o alcance do presidente vem sendo menor desde o início de setembro, justamente no ápice da crise institucional com o Supremo.
No início do ano, a média de visualizações no Youtube de seus vídeos ficava acima de 250 mil. Após os atos de 7 de setembro, apenas uma de suas transmissões alcançou essa marca, e agora o presidente tem dificuldade para chegar a 170 mil visualizações.
A queda de audiência coincide com a diminuição dos ataques feitos ao STF. Em setembro, após fazer declarações de caráter golpista em São Paulo e em Brasília, o presidente se viu forçado a recuar e, em uma “declaração à nação”, disse que suas afirmações foram feitas no “calor do momento”.
O levantamento feito pelo GLOBO indica que o radicalismo rende dividendos em audiência para Bolsonaro. A live mais assistida do ano foi exatamente a que Bolsonaro passou mais de 1 hora colocando em dúvida a segurança das urnas. O vídeo teve mais de 1 milhão de visualizações até o momento, mais que o dobro do segundo lugar.
Já a transmissão que gerou mais reações, tanto positivas quanto negativas, foi a de 9 de setembro, mesmo dia em que o presidente voltou atrás em meio à pressão sofrida após os atos de 7 de setembro: foram 10 mil comentários. Essa também teve o segundo maior número de visualizações: 459 mil.
Em alguns casos, outros temas atraem o interesse do público. A terceira transmissão mais vista foi a do dia 18 de março, quando os pagamentos do auxílio emergencial estavam para serem retomados. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, participou da conversa.
Também estão na lista das mais assistidas algumas das transmissões feitas no início da CPI da Covid, quando Bolsonaro precisava rebater acusações feitas contra ele.
Os dados, entretanto, não levam em conta algumas transmissões que saíram do ar. Neste ano, o GLOBO identificou ao menos seis transmissões que foram excluídas pelo Youtube, por desrespeitarem regras sobre informações falsas envolvendo a Covid-19.Outras quatro não estão mais disponíveis no canal, mas não é possível saber se foram removidas pelo site ou pelo próprio Bolsonaro.
O presidente já é alvo de um inquérito por causa das transmissões semanais. É durante elas que Bolsonaro costuma destilar suas afirmações mais radicais: em uma delas, insinuou sobre a possibilidade de uma relação entre a vacina contra a Covid-19 e a infecção pelo HIV. A reação levou à abertura de um inquérito no STF pelo ministro Alexandre de Moraes.
As narrativas promovidas pelo presidente, entretanto, encontram eco na seção de comentários de suas lives. Um levantamento sobre as palavras mais citadas entre os mais de 140 mil comentários feitos nas transmissões durante todo o ano mostra que “presidente” e “Bolsonaro” foram os termos mais frequentes, seguidos por “Deus”, “Brasil” e “povo”.
Os dados revelam pontos sobre a narrativa que o presidente distribuiu e é replicada por seus seguidores, sobretudo a polarização com a esquerda e com outras instituições. A oitava palavra mais citada foi Lula, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve ser adversário de Bolsonaro nas eleições do ano que vem. A 11ª palavra mais utilizada nos comentários foi “STF”.
Outro adversário de Bolsonaro nas eleições, o ex-ministro Sergio Moro, é bem menos citado nos comentários: seu nome foi a 244ª mais repetida pelos espectadores. Os números, entretanto, revelam um crescimento nas últimas semanas: durante o ano, a média de comentários citando o ex-juiz foi de 16. Na live do dia 2 de dezembro, após Moro se filiar ao Podemos e Bolsonaro criticar o antigo aliado, foram 240 comentários.
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