Bolsonaro teme mega panelaço durante pronunciamento de Ano Novo
Foto: Dieter Gross/iShoot/Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro confirmou ontem que gravou uma mensagem de fim de ano a ser exibida no dia 31 de dezembro e ironizou os panelaços que tomaram conta de diversas cidades durante seu pronunciamento de Natal. “Gravei hoje uma mensagem para o fim de ano. Já convoco o pessoal da esquerda a fazer um ‘superpanelaço’ para comemorar três anos sem corrupção”, afirmou a jornalistas em Santa Catarina. “Deve ser isso que está incomodando muito a esquerda. Então, dia 31 [haverá] um panelaço para comemorar três anos de Jair Bolsonaro.”
O presidente desembarcou em São Francisco do Sul, no litoral catarinense, para passar o Réveillon no Forte Marechal Luz. Ele viajou acompanhado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da filha Laura. Bolsonaro deve retornar ao trabalho na semana que vem. O presidente passou a semana do Natal no Guarujá, retornando no dia 23 a Brasília.
Criticado por haver tirado praticamente duas semanas de folga em meio à devastação causada pelas enchentes na Bahia, Bolsonaro tentou demonstrar que o governo está agindo para aplacar o sofrimento da população local.
Aos jornalistas, disse que editará uma MP com socorro para o Estado. “Devemos agora, no início do ano que vem, assinar uma medida provisória com crédito suplementar de R$ 200 milhões para atender o pessoal.”
Ele também usou a rede social para se referir ao tema. “As fortes chuvas voltaram ao sul da Bahia. Continuam na região todos os meios do governo na desobstrução de rodovias, distribuição de alimentos, resgate, antecipação do Fundo de Garantia, etc”, publicou, completando que os ministros da Cidadania, João Roma, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, estão no local. Marinho, porém, estava ontem em Brasília e viajaria hoje para a Bahia.
Bolsonaro disse ainda que não permitirá a vacinação da filha Laura, de 11 anos, em meio a um debate provocado por ele próprio a respeito da aplicação de vacinas contra o coronavírus em crianças de 5 a 11 anos de idade. Ele também citou a “imunidade de rebanho” como suposto fator para a desaceleração dos números da pandemia.
O governo foi acusado pela CPI da Pandemia, que funcionou no Senado, de promover deliberadamente a contaminação dos brasileiros para que a “imunidade de rebanho” fosse atingida no país. A pandemia matou mais de 619 mil pessoas no Brasil.
Bolsonaro disse que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se pronunciará até o dia 5 de janeiro a respeito da vacinação infantil contra a covid-19, medida a que o presidente abertamente se opõe.
A pasta lançou na semana passada em seu site uma consulta pública sobre o tema, cujas perguntas foram vistas como tendenciosas por especialistas.
“Eu tenho conversado com o Queiroga nesse sentido. Ele, dia 5, deve editar normas de como é que devem ser vacinadas crianças”, afirmou. “Eu espero que não haja interferência do Judiciário. Espero, porque minha filha não vai se vacinar, vou deixar bem claro, ela tem 11 anos de idade.”
Questionado a respeito do efeito da vacina sobre a queda no número de casos e de óbitos por covid-19 no país, Bolsonaro disse à jornalista que fez pergunta que “vocês batem sempre na mesma tecla”. “Tem aí o efeito da vacina. E tem o efeito da imunidade de rebanho também. Uma coisa sobrepõe-se à outra”, afirmou.
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