Janaina quer ser senadora pelo partido do “aerotrem”

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Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Dona da maior votação histórica para o Legislativo no país, com 2 milhões de votos em 2018, a deputada estadual Janaina Paschoal (SP) deve deixar o PSL rumo a uma legenda nanica para disputar o Senado por São Paulo. As conversas estão avançadas com o PRTB, comandado pela família de Levy Fidelix, e com o Democracia Cristã, de José Maria Eymael.

A deputada tenta atrair bolsonaristas como a médica Nise Yamaguchi, defensora de tratamentos sem comprovação científica contra a covid-19, e os ex-ministros Ricardo Salles e Abraham Weintraub para uma chapa conservadora em São Paulo, mas esbarra na resistência dos aliados do presidente Jair Bolsonaro.

Janaina decidiu deixar o PSL no meio do ano, antes mesmo de o partido tentar a fusão com o DEM para formar o União Brasil. Assim que a Justiça Eleitoral aprovar a nova legenda, a deputada deve deixar o PSL. A previsão é que isso ocorra em janeiro. “Ninguém no partido foi consultado sobre a fusão”, diz Janaina. “Mas eu já tinha decidido sair antes disso. Não existe vida partidária no PSL. Não tinha linhas claras”, afirma.

A deputada diz “buscar independência” e por isso tem negociado a filiação com partidos nanicos. O mais provável é o ingresso no PRTB. Na próxima semana, Janaina terá nova conversa com a direção partidária da sigla. “Quero ter autonomia para montar uma chapa”, diz. A sigla é a mesma do vice-presidente Hamilton Mourão, com quem a parlamentar fala desde 2018.

Janaina tem conversado também com o Democracia Cristã, mas diz ter resistência a uma nova candidatura de Eymael à Presidência. A deputada não quer apoiá-lo e ainda não definiu se pretende estar ao lado do presidente Jair Bolsonaro ou do ex-ministro Sergio Moro (Podemos), pré-candidatos e antigos aliados. “É cedo para definir. Quero ter clareza sobre quem será o vice de Bolsonaro, quem será o vice de Moro e quais serão as propostas dele”, diz. “Vou ver quem tem mais chance”.

Apoiadora de Bolsonaro em 2018, Janaina tornou-se alvo de ataques de bolsonaristas ao criticar o governo e a atuação do presidente ao longo do mandato. Hoje, a deputada avalia que foi um “erro de estratégia” Bolsonaro se filiar ao PL, diz que o presidente pode se prejudicar em 2022 e rejeita a filiação a esse partido. “Não descarto que o PL faça campanha para o PT nos Estados”, diz. “É um erro de estratégia. O PL só vai querer quem for puxador de votos. Não vai querer outros bolsonaristas”, afirma. “Só querem a visibilidade de Bolsonaro”.

Janaina critica também a atuação do presidente para tentar a reeleição. “Acredite em mim: ele vai deixar tudo para a última hora. Na esquerda, eles já estão articulados. Eles são muito mais articulados e pensam em grupo. Eles são mais inteligentes e estrategistas”, diz sobre a oposição.

A parlamentar também evita aderir à campanha de Moro. A deputada coloca em xeque a pré-candidatura do ex-ministro e avalia que Moro poderá desistir de para apoiar o governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato pelo PSDB. “Ainda tenho dúvidas se Moro vai ser candidato”, diz. “Acho que estão colocando Moro para tomar pancada agora e desistir mais pra frente”, afirma. “Vou esperar e quero ver se vai ser candidato, quem será o vice e quais propostas vai apresentar. As pessoas que estão ao redor dele são ligadas ao Doria.”

Apesar das dúvidas sobre quem apoiará para a Presidência, Janaina diz que para o governo de São Paulo estará com o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). O ministro tem rodado o Estado em agendas com empresários e políticos, mas ainda não se filiou a uma legenda.

De acordo com aliados de Bolsonaro, Tarcísio deve ir para o PL. Nessa chapa, no entanto, o pré-candidato ao Senado deve ser escolhido entre o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o presidente da Fiesp Paulo Skaf, que deixa o comando da entidade na virada do ano. “Estou fechada com Tarcísio. Fiquei encantada”, diz.

Pelas redes sociais, Janaina tem defendido uma chapa com Tarcísio para o governo estadual e a vice ocupada pela advogada Angela Gandra, secretária nacional da Família no ministério comandado por Damares Alves. Janaina seria a candidata ao Senado, Ricardo Salles lideraria a chapa para a Assembleia Legislativa e Abraham Weintraub e Nise Yamaguchi seriam puxadores de voto para a Câmara. Essa proposta, no entanto, é inviabilizada pela própria deputada, que não quer se filiar ao PL, que deve receber Tarcísio. Weintraub usou ontem o Twitter para criticar Janaina, afirmando que a deputada tem postura “falsa e interesseira” ao propor a chapa. O ex-ministro negocia a filiação ao PTB para concorrer ao Estado.

“Se todos mundo sair candidato, a esquerda vai ganhar tudo”, diz Janaina, sobre a pré-candidatura de aliados de Bolsonaro no Estado. “Os apoiadores de Bolsonaro são todos muito magoados e essa mágoa tem que levar para o psicólogo. Não pode ficar esperando Bolsonaro escolher o candidato. Ele está preocupado com a candidatura dele”, diz.

Janaina defende que siglas pequenas de direita se unam em federação e descartar filiar-se a um partido médio, como PTB, PL ou PP. Seu desejo é “fazer um partido conservador” em São Paulo, com bandeiras como a defesa da vida e a não obrigatoriedade da vacina. A deputada defende protestos contra a permissão da vacinação de crianças contra a covid-19. “Não sou contra a vacina, mas sou contra a obrigatoriedade. Não vejo justificativa jurídica nem sanitária.” A Vacinação obrigatória de crianças, quando recomendada por autoridades sanitárias, é prevista em lei desde 1990, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Valor Econômico

 

 

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