Ministro de Bolsonaro começa campanha para governador de SP
Foto: Reprodução
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ainda não assumiu a pré-candidatura ao governo de São Paulo, mas já iniciou agenda política no estado. Tarcísio intensificou as viagens a São Paulo nos últimos meses e passou a conciliar compromissos da pasta com encontros com empresários, representantes do agronegócio, políticos e personalidades paulistas.
Levantamento feito pelo GLOBO nas agendas do ministro desde que tomou posse no cargo, em 2019, mostra que os meses em que ele mais esteve em São Paulo. foram agosto e novembro deste ano. Apesar de passar boa parte dos dias em Brasília, desde o início do governo, Tarcísio cumpriu 79 agendas em São Paulo, sendo que 21 delas foram realizadas apenas nos últimos quatro meses.
Nos últimos meses, as viagens puramente à trabalho deram espaço a algumas agendas mais políticas (algumas delas fora da agenda pública). Em agosto foram nove compromissos públicos e em novembro, sete.
Na segunda-feira, dia 6, por exemplo, o ministro participou na capital paulista do 12º Fórum Anual de Private Equite na América Latina. Depois esteve com o prefeito de Cajati, Luiz Henrique Koga (PSDB) e com uma das irmãs do presidente, Vânia Bolsonaro. O registro foi publicado na rede social da prefeitura da cidade, mas não constava na agenda oficial até a noite de sexta-feira.
No dia 19 de novembro, Tarcísio decolou de Brasília para São Paulo, em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para participar dos leilões de dois terminais no Porto de Santos e um no Porto de Imbituba, em Santa Catarina. Aproveitou e passou o fim de semana na capital paulista. No sábado, esteve no gabinete da deputada Janaína Paschoal (PSL-SP) na Assembleia Legislativa, onde conversaram por quase quatro horas. No domingo, foi recebido em um almoço com empresários e agropecuaristas organizado pelo deputado estadual Frederico D’Ávila (PSL-SP).
A recepção para quase 80 pessoas foi na residência da família Velloso, dona da Companhia Melhoramentos. Estiveram presentes o ex-deputado Cunha Bueno, dono de uma corretora de seguros, e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, além do cantor e apresentador Ronnie Von.
Janaína — que em maio questionou a relação do ministro com São Paulo — agora diz que o apoia.
— Eu não o conhecia e fiquei muito impressionada com o preparo dele — conta a deputada, que diz ver o ministro entusiasmado com a empreitada. — Mas creio que ele espera sinais mais claros do povo de São Paulo, por isso decidi deixar público meu apoio a ele.
A deputada está decidida a sair candidata ao Senado, embora ainda não tenha definido o partido. Segundo aliados , ela tem esperança de ter o apoio de Tarcísio e do presidente. A votação recorde de Janaína em 2018, com mais de 2 milhões de votos, entusiasma políticos, que veem na dobradinha uma chance de favorecer Tarcísio.
Até agora, o nome ao Senado por São Paulo com o aval de Bolsonaro é do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Aliados do presidente, porém, articulam aliança com o ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que poderia deixar o MDB e ingressar em uma legenda da base do presidente para concorrer a senador.
O ex-presidente da Fiesp tem ciceroneado Tarcísio em São Paulo, abrindo portas com empresários. Também entraram no circuito deputados aliados de Bolsonaro, como o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e o deputado federal Cezinha da Madureira (PSD-SP), vice-líder do governo no Congresso e presidente da Frente Parlamentar Evangélica.
Interlocutores do ministro justificam que ele sempre manteve encontro com empresários pelo cargo que ocupa, mas reconhecem que os convites se intensificaram com a possibilidade de candidatura. Em conversas reservadas, Tarcísio, que até poucos meses atrás deixava claro que preferia concorrer ao Senado por Goiás, tem se mostrado mais disposto a concorrer ao governo de São Paulo.
Em público, porém, o ministro afirma que ainda não tomou uma decisão e tampouco definiu o partido. Bolsonaro quer o ministro filiado ao PL, como ele.
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