Molon diz que votar em Romário é votar em Bolsonaro
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Alessandro Molon está disposto a se candidatar o Senado pelo Rio de Janeiro em 2022, no que será o cargo mais poderoso que já disputou. Eleito deputado estadual por dois mandatos (2003-2011) e federal por três mandatos (2011-2023), o líder da Oposição ao governo Bolsonaro criticou Romário, senador do Rio de Janeiro que tentará a reeleição no ano que vem, e disse ver espaço para uma chapa do PSB que una a esquerda, a centro-esquerda e parte do centro em torno de seu nome ao Senado e de Marcelo Freixo ao governo do RJ. Em entrevista à coluna, Molon também defendeu a ida de Geraldo Alckmin para o PSB, para ser candidato a vice de Lula no ano que vem.
Molon definiu como “apagado” o mandato de Romário, e lembrou que o ex-jogador de futebol tentará a reeleição ao lado de Jair Bolsonaro, em cujo nome declarou voto antes mesmo de o presidente entrar para o seu partido, o PL.
“O desempenho de Romário como senador é bem diferente do que teve como deputado. Teve um mandato apagado no Senado. Mas o problema mais grave é ele ter decidido apoiar um presidente que está destruindo o Brasil e nada fez pelo Rio de Janeiro. Entregou 600 mil mortos, fez a miséria voltar ao debate nacional e mais e mais pessoas morarem nas ruas do Rio. Quem votar em Romário em 2022 estará dizendo um sim a Bolsonaro”.
Molon também lembrou que atualmente os três senadores do Rio de Janeiro são do PL e bolsonaristas: além de Romário, há Flávio Bolsonaro e Carlos Portinho, que tomou posse após a morte de Arolde de Oliveira. Isso, em sua visão, é mais um argumento para que o senador eleito no ano que vem não seja do partido bolsonarista.
O deputado reconheceu que a esquerda fluminense é tradicionalmente dividida, mas vê um caminho para agregar as diferentes forças em torno de seu nome.
“Ser uma eleição difícil deve nos ajudar a evitar a fragmentação de candidaturas na disputa pelo Senado. Se não houver união do campo progressista e da justiça social, que é um campo que vai além da esquerda, pois pega a centro-esquerda e parte do centro, esse campo vai entregar essa vaga novamente para o Romário e portanto um bolsonarista, que votou a favor da reforma da Previdência, um senador que se alinha a essa pauta que destruiu o Rio e a vida dos brasileiros”, analisou.
Na última pesquisa eleitoral realizada para o governo do Rio de Janeiro, da Quaest, o senador Romário aparece em primeiro lugar, com 19%. Ele é seguido por Molon, com 12%, mesmo percentual do ex-prefeito Marcelo Crivella, que não deve ser candidato ao Senado.
Presidente do PSB no Rio de Janeiro, Molon vem participando das discussões da cúpula do partido sobre o possível ingresso do ex-governador Geraldo Alckmin na legenda. O deputado defende essa aliança como uma maneira de acenar ao país que Lula tem a capacidade de aglutinar forças e pacificar.
“É importante para Lula demonstrar essa capacidade de aglutinar forças diferentes daquelas que ele tradicionalmente representa. Acenar para o país com uma capacidade de construir pontes, dialogar, pacificar, que é o contrário do que a gente tem visto no Brasil. O cenário é de disputa, de falta de diálogo e isolamento do presidente de quem pensa diferente dele. Lula é o contrário disso. Um candidato a vice como Alckmin sinaliza essa disposição de dialogar com o diferente, porque Alckmin é diferente de Lula. Trajetórias e campos diferentes que podem se juntar numa chapa”, analisou.
Molon salientou que essa diferença também existe entre Alckmin e o PSB, mas o partido “faria o esforço” de passar por cima dessas diferenças em nome de “salvar o Brasil”.
“O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse ao PT que tem espaço para conversar sobre, dentro de um universo em que esse é um dos pontos. Alckmin tem uma trajetória diferente da nossa, mas é uma pessoa séria, que respeitamos. Se esse for um esforço que o PSB precisa fazer para salvar o Brasil, o PSB está disposto”.
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