Partido que Bolsonaro tentou criar segue tentando se viabilizar

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Foto: Reprodução

Oficialmente, no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Jair Bolsonaro ainda aparece como presidente do Aliança pelo Brasil, partido em formação, que tinha a promessa de ser uma legenda conservadora e de direita. Na vida real, no entanto, Bolsonaro está filiado desde a última terça-feira ao PL, partido do Centrão, bloco que o presidente criticava no passado

Apesar de Bolsonaro abandonar o projeto, o segundo vice-presidente do Aliança, o empresário Luis Felipe Belmonte, segue coletando assinaturas, com esperança de colocar a sigla de pé até as eleições de 2022. Belmonte paga entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês, do próprio bolso, para manter a equipe do partido. Em dois anos, os gastos podem ter chegado a R$ 480 mil.

A expectativa dele é que o Aliança possa receber parlamentares bolsonaristas e outros apoiadores do presidente que não encontrem espaço no PL, por divergências nos estados ou pelo limite no número de candidatos a serem lançados.

Questionado sobre quem poderiam ser esses possíveis filiados, Belmonte desconversa e diz que é preciso aguardar o cenário em cada estado. O plano será difícil de se concretizar: devido à incerteza da criação da legenda, aliados de Bolsonaro que não vão para o PL estudam entrar em outros partidos da base, como o PP e o Republicanos.

— Estamos fazendo um partido para os conservadores. Muitos parlamentares que vão ser candidatos não vão ter espaço no PL. É até uma forma de ter uma alternativa — avalia Belmonte.

Bolsonaro se desfiliou do PSL, partido pelo qual foi eleito presidente, em novembro de 2019, e anunciou a intenção de criar o Aliança pelo Brasil. Um grande evento foi feito, em um hotel de luxo em Brasília, e o partido teve estatuto, logomarca e número nas urnas (o 38) divulgados. O objetivo inicial era que a legenda ficasse pronta a tempo de participar das eleições municipais de 2020.

Em janeiro do ano passado, Bolsonaro participou de um evento de coleta de assinaturas, em Brasília, e projetou que o partido poderia eleger uma bancada de cem parlamentares em 2022 — em 2018, o número de deputados e senadores eleitos pelo PSL não chegou a 60.

Entretanto, as dificuldades para a coleta das assinaturas necessárias e o desejo de uma estrutura partidária maior para sua campanha à reeleição fizeram o presidente desistir de entrar na legenda. Uma cena se repetiu diversas vezes: apoiadores iam ao “cercadinho” do Palácio da Alvorada dizer que ainda apostavam no Aliança, mas Bolsonaro os cortava e dizia que procurava outro partido.

Belmonte evita criticar o presidente, dizendo que ele anunciou sua decisão com antecedência e que precisava analisar a “conjuntura político-partidária”.

— O presidente desde setembro do ano passado tinha anunciado que ia buscar alternativas. Estávamos cientes disso — afirma, acrescentando: — Tem toda uma conjuntura político-partidária nacional que ele tem que administrar.

Mesmo assim, Belmonte continua coletando assinaturas. Até agora, já foram apresentadas 164 mil ao TSE, um terço das 492 mil necessárias. O empresário afirma que outras 215 mil estão aguardando análises e mais 100 mil serão apresentadas nos próximos dias. Além disso, Belmonte aposta nas assinaturas eletrônicas, autorizadas no mês passado pelo TSE, para acelerar a coleta.

— Nossa ideia é concluir até dezembro a coleta para que em fevereiro quando o TSE, voltar do recesso, tenha condições de apreciar o registo — afirma o empresário, que culpa os cartórios eleitorais pela demora na análise.

O Globo

 

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