Rússia classifica relação com Biden como “lamentável”
Foto: Doug Mills / NYT
O Kremlin caracterizou, nesta segunda-feira, o estado das relações entre os EUA e a Rússia de “bastante lamentáveis”, afirmando não esperar nenhum “avanço” na reunião dos presidentes Vladimir Putin e Joe Biden, marcada para terça-feira. Por meio de uma videochamada, os dois líderes vão discutir, entre outros assuntos, as crescentes tensões na Ucrânia.
— É difícil esperar um avanço nessas negociações — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmando ser improvável que todas as disputas que marcam as relações bilaterais sejam resolvidas “em poucas horas”.
No mês passado, funcionários americanos notaram movimentos incomuns das tropas russas perto da Ucrânia e expressaram preocupação com o que dizem ser planos para uma possível invasão, o que Moscou nega. Para o governo Putin, o crescente apoio da Otan a uma antiga república soviética, como a Ucrância, é uma “linha vermelha” que não permitirá que seja cruzada.
Por isso, Peskov também disse que a reunião de terça abordará o que a Rússia vê como uma expansão preocupante da Organização do Atlântico Norte (Otan) em direção a suas fronteiras, assim como garantias de segurança em longo prazo reivindicadas por Moscou ao Ocidente. Putin demanda garantias juridicamente vinculantes de que a Otan não se expandirá mais para o Leste e uma promessa de que certos tipos de armas não serão posicionados em países perto da Rússia, incluindo a Ucrânia. Washington, por sua vez, disse repetidamente que nenhum país pode vetar as expectativas da Otan na Ucrânia.
— Não aceito as linhas vermelhas de ninguém — disse Biden na sexta-feira.
Espera-se também que Putin levante com Biden a possibilidade de outra reunião entre os países. Ambos os presidentes se encontraram pela última vez em junho, em uma cúpula na cidade de Genebra, na Suíça.
— Eles terão que discutir como os entendimentos alcançados em Genebra estão sendo implementados, para rever o que está em andamento e o que precisa de trabalho adicional — disse Peskov aos repórteres. — É claro que [a agenda] principal é sobre as relações bilaterais, que permanecem em um estado bastante lamentável. Logo depois há as questões que estão no topo da agenda. Acima de tudo, a tensão sobre a Ucrânia, a questão do avanço da Otan em direção às nossas fronteiras e a iniciativa do presidente Putin sobre garantias de segurança — acrescentou.
Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos disse que Washington queria evitar uma crise e uma espiral negativa no relacionamento mais amplo através da diplomacia e da desescalada.
Também nesta segunda-feira, um alto funcionário do governo dos EUA afirmou que Biden vai advertir Putin sobre as graves consequências econômicas caso a Rússia avance com uma invasão da Ucrânia. Segundo o funcionário, os Estados Unidos têm trabalhado com os aliados europeus em direção a uma resposta forte caso uma invasão ocorra. Ele disse que os Estados Unidos e a Europa imporão severas sanções econômicas.
A autoridade afirmou que “há um caminho a seguir para nos permitir enviar uma mensagem clara à Rússia de que haverá custos duradouros e significativos” caso ocorra uma invasão.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, também se pronunciou nesta segunda-feira, afirmando que suas Forças Armadas eram capazes de repelir qualquer ataque russo, já que o país comemorou seu Dia Nacional do Exército com uma exibição de veículos blindados e barcos de patrulha dos EUA.
“Os militares das Forças Armadas da Ucrânia continuam a cumprir sua missão mais importante: defender a liberdade e a soberania do Estado contra o agressor russo”, disse Zelenskiy em uma declaração.
“O exército ucraniano (…) está confiante em sua força e capaz de frustrar qualquer plano de conquista do inimigo”, ele acrescentou.
A troca de declarações nesta segunda-feira é mais uma etapa dos meses de tensão entre as duas potências. Na última quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, alertou a Rússia para os “custos severos” que Moscou pagaria se invadisse a Ucrânia.
Em uma reunião na Suécia da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), da qual tanto a Rússia quanto a Ucrânia fazem parte, Blinken pediu ao ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que Moscou busque uma saída diplomática para a crise.
Antes, em novembro, o governo da Rússia condenou uma proposta de resolução apresentada por dois deputados republicanos da Câmara dos EUA, para que o Congresso americano não mais reconheça Vladimir Putin como presidente caso ele seja mais uma vez reeleito em 2024.
— Cada vez que pensamos que nada mais ridículo, agressivo, hostil e não construtivo pode vir do outro lado do oceano, bem, nós nos enganamos — declarou Peskov na ocasião. — Essa é uma demonstração perfeita não apenas para a Rússia, mas para todos os países do mundo, de como os EUA interferem oficialmente nos assuntos internos de outras nações.
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