Bolsonaro fala em nomear mais dois ministros para o STF

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Foto: Valdeci Araújo/Estadão

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira, 10, que tem “na cabeça” as próximas indicações ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja reeleito neste ano, mas não deu detalhes. Bolsonaro vive há tempos uma relação tensa com a Corte e quer ter aliados no tribunal.

“Em 2023 tem duas vagas abertas. Eu tenho na minha cabeça quem seriam esses nomes”, afirmou o presidente, em entrevista à Rádio Jovem Pan, ao destacar que os dois ministros do STF indicados por ele – Kassio Nunes Marques, em 2020, e André Mendonça, em 2021 – têm “liberdade” nas decisões. “Não conduzo nem peço votos para eles”.

Se for reeleito, Bolsonaro poderá nomear os substitutos dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentam em 2023. Mais cedo, em entrevista à Rádio Sarandi, do Rio Grande do Sul, o presidente declarou que tanto Nunes Marques quanto Mendonça dão “esperança para a gente”.

Ao lembrar que Mendonça é pastor evangélico, Bolsonaro observou que por “coincidência” as pautas voltadas para a diversidade vão cair nas mãos dele.

“E eu entendo que ele vai dar o tratamento à luz da Constituição. Como ele bem disse, o que é família está definido na Constituição”, disse Bolsonaro. “O que é união entre duas pessoas, como está definido na Constituição.” A Carta Magna, porém, não tem essa explicação. O chefe do Executivo repetiu que tem críticas a alguns ministros do STF e elogios a outros.

‘Vocês votaram em um cara que foi do Centrão’, diz Bolsonaro
Na entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro justificou mais uma vez sua filiação ao PL, partido comandado por Valdemar Costa Neto, que foi preso e condenado no escândalo do mensalão, sob o argumento de que nem todos os integrantes do Centrão devem ser rejeitados.

“Vocês votaram em um cara que foi do Centrão”, disse Bolsonaro. “Se eu fosse para o PP, seria criticado, se fosse para o PTB, seria. (Se eu fosse) para qualquer partido, eu seria criticado. O cara fala ‘Ah, o Centrão’. Vocês votaram num cara que foi do Centrão. Eu fui do PP por muito tempo. Fui do PTB. Fui do PFL”, afirmou Bolsonaro.

Foi nesse momento que o presidente defendeu o casamento com o Centrão. “(Isso) não quer dizer que todas as pessoas que estejam lá mereçam ser rejeitadas pela sociedade”, insistiu ele, fazendo críticas à esquerda.

Na tentativa de justificar sua aliança com o grupo na campanha eleitoral deste ano, quando concorrerá a novo mandato, Bolsonaro recorreu a uma analogia. “É a mesma coisa que o cara que fala que quer ter um filho. ‘Quero ser papai’. Ou a mulher fala ‘Quero ser mamãe’. Tem que arranjar uma mulher no primeiro (exemplo) e, no segundo, tem que arranjar um homem. Eu, para conseguir disputar uma eleição, tenho que ter um partido”, afirmou o presidente.

Ao observar que precisa do apoio de deputados e senadores para governar, Bolsonaro também destacou que, para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) no Congresso, são necessários 308 votos.

Em julho de 2021, quando confirmou a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro da Casa Civil, o presidente já havia dito que “Centrão” é um termo “pejorativo” para se referir ao grupo de partidos que atua no Congresso. “Eu sou do Centrão”, disse ele, à época. Em novembro do ano passado, após idas e vindas, Bolsonaro se filiou ao PL de Costa Neto.

Na entrevista, Bolsonaro questionou, ainda, se o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos) entrou no governo, em 2019, apenas para se preparar para concorrer à Presidência. “Se a população acreditar nele, não compete a mim”, disse o presidente, na entrevista à Jovem Pan.

“Ele teve 1 ano e 4 meses comigo. Não descobriu nada no governo? Prevaricou?”, provocou Bolsonaro. Ex-juiz da Lava Jato, Moro pediu demissão do Ministério da Justiça em abril de 2020, acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal (PF). “Só que eu tinha um problema. Eu achava que a Polícia Federal poderia agir melhor”, insistiu o presidente.

Bolsonaro reiterou que Moro queria ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). “Que petulância”, criticou. “Ele foi no meu governo para fazer um trabalho sério, para se blindar ou para se preparar para ser futuro candidato à Presidência da República? Tem três alternativas. Não deu certo, tirei ele fora, tinha que tirar.”

Desde que Moro se filiou ao Podemos, em novembro, para disputar o Palácio do Planalto, apoiadores de Bolsonaro e o próprio presidente têm aumentado o tom das críticas ao ex-aliado.

O ex-ministro se apresenta como candidato da terceira via em meio à polarização entre o atual chefe do Executivo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto.

“Temos um País para salvar de uma triste polarização entre pelegos e milicianos. Vamos construir a Nação moderna e inclusiva que queremos”, escreveu Moro, no Twitter, ao anunciar na semana passada uma viagem à Paraíba.

Estadão

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