Covid já se espalhou no Rio de Janeiro

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Foto: JOÃO GABRIEL ALVES/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Com a chegada da variante ômicron e uma corrida a postos de saúde e hospitais das redes privada e pública por pessoas com sintomas gripais, a cidade do Rio de Janeiro registrou em apenas cinco dias deste mês o equivalente a 80% dos casos de covid-19 registrados em todo o mês de dezembro.

Dados da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) mostram que, entre os dias 1º e 5 de janeiro, foram registrados 2.485 casos na cidade, considerando unidades públicas e privadas. Em todo o mês de dezembro, foram 3.070 casos de covid-19.

Pressionado pela escalada de casos, o prefeito Eduardo Paes (PSD) foi obrigado a anunciar o cancelamento do Carnaval de rua em 2022. A prefeitura também anunciou a abertura, em um prazo de dez dias, de mais quatro polos de testagem espalhados pela cidade.

Em algumas unidades de saúde públicas e privadas, o número de atendimentos nos primeiros dias do ano já supera todo o mês anterior. Esse impacto é sentido sobretudo em áreas de favelas.

A unidade com maior crescimento em números absolutos foi a Clínica da Família Otto Alves de Carvalho, na favela do Rio das Pedras, na zona oeste da capital, que viu o número de pacientes subir de 31, em dezembro, para 90 nos primeiros dias deste mês.

A Clínica da Família Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, que atende moradores das duas comunidades na zona sul, quase quadruplicou os casos: de 15 para 57.

Na sequência desse ranking, vem clínicas da família localizadas no Complexo da Maré, de novo na Rocinha e no Morro da Formiga, localizado na Tijuca, zona norte da capital.

Corrida por testes
Houve também uma corrida a postos de saúde e laboratórios particulares em busca de testes.

Mesmo incompleta, a primeira semana do ano já registra 12.773 testes realizados na capital, com um recorde de casos positivos: 41% dos pacientes que fizeram o exame tiveram o diagnóstico confirmado —maior índice desde a primeira semana de janeiro de 2021, quando se chegou a 42% de testes positivos.

Postos de saúde estavam com filas de duas a quatro horas de espera para um teste rápido de covid-19 nesta terça (4).

A procura aumentou principalmente após as festas de fim de ano, de acordo com funcionários do setor de saúde, que têm recebido pacientes com febre, dor no corpo e tosse. Na tentativa de agilizar o atendimento diante da alta demanda, houve até “consulta coletiva”.

Os números de dezembro devem contudo ser relativizados por conta do apagão de dados no Ministério da Saúde, ocorrido após ataque hacker nos sistemas da pasta. Questionada, a SMS não informa se os dados foram afetados.

“O Painel Rio Covid-19 é alimentado com dados extraídos dos sistemas nacionais oficiais de Vigilância da Covid-19, eSUS Notifica (casos de Síndrome Gripal) e Sivep/Gripe (casos de síndrome respiratória aguda grave) a partir dos servidores de dados do DataSUS. Deste modo, as eventuais impossibilidades de extração de dados por instabilidade de comunicação com os servidores DataSUS, como vem sendo observado nas últimas semanas, podem atrasar a atualização dos dados no painel do Município”, diz a SMS, em nota.

Internações x Atendimentos em hospitais
Segundo o médico Graccho Alvim, presidente da Aherj (Associação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro), que reúne unidades de saúde privada, embora um pico de internações não seja verificado, já é possível ver um aumento expressivo na procura por atendimento nas emergências.

“Os números de internações por covid-19 ainda estão baixos na rede privada. Há altos números de atendimentos de emergência, sem reflexo significativo nas internações”, explica.

Estimativa da Aherj aponta que a procura por atendimento nas emergências de hospitais privados cresceu 200% desde o início deste ano. Em algumas unidades de saúde, a espera por atendimento para pacientes com problemas respiratórios dura entre 3 e 4 horas.

Na rede pública municipal, a alta de casos não se traduz em internações. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, 92% dos 26 internados com covid não tomaram as duas doses de vacina. Esse proporção é de 46% quando analisados aqueles que não tomaram sequer a primeira dose.

Ômicron já é hegemônica no Rio
Dados divulgados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) mostram que, em dezembro, a ômicron superou a delta e se tornou a variante mais presente nos exames.

O sequenciamento genético de variantes é feito por amostragem. Segundo o 15º Informativo de Vigilância Genômica, elaborado pela Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, a cada cem amostras sequenciadas no estado do Rio em dezembro, 92 tinham indícios de serem causadas pela ômicron.

Ao todo, foram sequenciadas 339 amostras em dezembro: 312 foram classificadas como sugestivas para ômicron, e 27, confirmadas para a variante delta. Os casos são tratados como sugestivos porque há uma primeira identificação por meio de testes PCR. De acordo com a SES, todas essas amostras suspeitas de ômicron terão o genoma analisado por um laboratório da Fundação Oswaldo Cruz.

Os dados de vigilância genômica mostram ainda que a ômicron já está presente em quase 30% dos municípios fluminenses. Foram encontradas amostras sugestivas em 26 das 92 cidades do estado.

A capital responde por grande parte desses casos: a SES encontrou casos suspeitos ou confirmados da nova variante em 100% das amostras testadas na cidade do Rio em dezembro. São 247 casos suspeitos e três confirmados até aqui.

Uol

 

 

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