Ministro das Comunicações apaga vídeo com encenação de Bolsonaro

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Foto: Reprodução

Um vídeo do presidente Jair Bolsonaro (PL) comendo farofa em uma barraca de rua em Brasília, divulgado por aliados do mandatário neste domingo, 30, causou polêmica nas redes, a ponto de o ministro das Comunicações, Fábio Faria, apagar a publicação.

O episódio também colocou em evidência outras ocasiões em que membros do governo reproduziram gravações do chefe do Executivo fazendo refeições sem nenhum luxo, muitas vezes em locais públicos. Como expresso nos comentários das publicações, apoiadores do presidente celebram o que consideram “humildade” do líder do Planalto.

O vídeo foi postado originalmente pelo perfil do tenente Mozart e replicado por vários bolsonaristas, como o ministro Fábio Faria, que o excluiu em seguida, após a forte repercussão. O conteúdo segue no perfil do senador Flávio Bolsonaro (PL), assim como uma gravação do presidente andando de moto e conversando com apoiadores, também no domingo. “Bolsonaro fazendo o que mais gosta… Falar com os brasileiros!”, escreveu Flávio.

A publicação foi alvo de muitas críticas por usuários nas redes sociais. Alguns apontaram no vídeo o que chamaram de “marketing farofal”; outros disseram que o presidente estaria se sujando de propósito para “parecer do povão”. “O cara confunde humildade com ser porco e acha que o povo esqueceu os gastos milionários com cartão corporativo, férias e mansão”, escreveu o perfil do Movimento Brasil Livre (MBL), que apoia a pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro.

 

Desde o início de seu mandato, o presidente da República recorre à alimentação para demonstrar ser próximo aos hábitos da população. Mais de uma vez, o próprio mandatário registrou as refeições e publicou em suas redes. Em outras ocasiões, políticos ligados a ele o fizeram. Em outubro de 2019, Bolsonaro publicou foto preparando macarrão instantâneo em seu quarto de hotel durante uma viagem diplomática ao Japão. À época, ele justificou alegando não gostar de peixe cru, componente de parte dos pratos típicos japoneses, e disse que por esse motivo recorreu ao lámen.

Na mesma viagem, o presidente posicionou uma pilha de pacotes de macarrão instantâneo em uma mesa repleta de papéis enquanto posava para uma foto.

Em maio de 2020, o mandatário saiu à noite do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e foi a uma barraca de cachorro-quente em Brasília. De pé, enquanto comia, conversou com apoiadores aos gritos de “mito”. No mesmo dia, o Estadão havia publicado mensagens de WhatsApp do presidente revelando a intenção de substituir o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

Em novembro daquele ano, o chefe do Executivo fez uma parada não programada em uma lanchonete em Sergipe e comeu um pastel enquanto conversava e tirava selfies.

Em abril de 2021, o mandatário posou para fotos visitando uma feira popular de Brasília. Cercado de apoiadores, ele parou em um quiosque e pediu dois pastéis e uma lata de refrigerante. O momento foi transmitido ao vivo pelo perfil oficial do mandatário no Facebook.

Em setembro de 2021, durante viagem a Nova York, o chefe do Planalto publicou uma imagem em que ele e outros integrantes da comitiva brasileira comiam pizza na calçada, do lado de fora de um restaurante. A cidade exige a apresentação do comprovante de vacinação contra a covid para acesso a estabelecimentos fechados.

Em dezembro do ano passado, o presidente foi almoçar na casa de uma admiradora, em São Francisco do Sul (SC). Mais tarde, em frente a uma multidão de apoiadores, o mandatário posou para fotos enquanto comia pastel e tomava caldo de cana em uma barraca na calçada.

Foi também em São Francisco do Sul que o chefe do Executivo comeu o camarão que o faria ser internado em São Paulo com um quadro de obstrução intestinal. Durante sua viagem ao litoral catarinense, o presidente almoçou em um restaurante que servia pizza e frutos do mar. O mandatário tem restrições alimentares devido ao atentado a faca que sofreu em 2018 e precisa seguir uma dieta regrada.

Procurada, a assessoria do Ministério das Comunicações ainda não se manifestou sobre o motivo da exclusão do vídeo por Fábio Faria.

Estadão  

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