Na Paraíba, dezenas de crianças recebem vacinas para adultos e vencidas
Foto: Getty Images
A SES (Secretaria Estadual de Saúde) da Paraíba confirmou que 49 crianças entre 5 e 12 anos receberam a dose errada da vacina contra o coronavírus, sendo que desse total 36 receberam o imunizante que seria destinado para adultos com o prazo de validade vencido — outras 13 foram vacinadas com a dose para adulto, mas dentro do prazo de validade. Todos os casos ocorreram na cidade de Lucena, localizada na região metropolitana de João Pessoa.
A história veio à tona depois que a mãe de uma das crianças vacinadas indevidamente publicou nas redes sociais um vídeo do cartão de vacinação do filho com a informação de que ele havia sido imunizado contra o coronavírus antes da chegada do lote exclusivo para crianças no Estado.
Posteriormente, o caso passou a ser investigado por órgãos de saúde e também pelo MPF (Ministério Público Federal), e números divergentes foram repassados à imprensa. Inicialmente, o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, disse que pelo menos 60 crianças de 4 a 9 anos foram vacinadas de forma errada. Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que foram identificados 48 casos.
Agora a Secretaria afirma que foram notificadas 49 crianças que receberam a dose incorreta, conforme relatório elaborado por uma equipe técnica de vigilância e imunização.
Segundo a equipe técnica, além dos 49 casos de vacinação indevida em crianças, também foi constatado que 200 pessoas entre adultos e adolescentes receberam vacinas fora do prazo de validade em Lucena — essas doses estavam em temperatura positiva havia mais de 30 dias e, segundo a Secretaria, até o momento não foram registrados eventos adversos graves, mas os técnicos trabalharão na identificação desses indivíduos para serem monitorados.
“O trabalho de campo da equipe técnica do governo do Estado continuará durante toda a semana em Lucena e, na quinta-feira (20), será realizada uma capacitação com todas as equipes de imunização do município”, declarou Geraldo Medeiros.
Após os erros, a SES informou que a vacinação contra a covid-19 está temporariamente suspensa em Lucena.
Em nota à imprensa, a prefeitura de Lucena, gerida por Leo Bandeira (Solidariedade), apontou a técnica de enfermagem como única responsável pelo erro e ressaltou que a profissional tomou “a decisão” de forma “individual”.
“Trata-se de uma falha pontual e que não partiu de determinação da administração municipal, de forma que, assim que tomamos conhecimento, afastamos a responsável.”
Ao MPF, a técnica de enfermagem afirmou que recebeu ordens de vacinar todos que aparecessem para serem imunizados contra a covid, pois as doses estavam perto do vencimento.
A profissional disse ainda que no local onde ela foi contratada para trabalhar não havia o acompanhamento de médicos e enfermeiros. Ela salienta que apenas uma assistente social trabalhava no local, além dos auxiliares de enfermagem, e negou que tenha imunizado crianças de 4 anos.
Por enquanto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a imunização contra a covid-19 de crianças a partir de 5 anos. O público de 5 a 11 anos deve receber uma dose pediátrica da vacina da Pfizer, único imunizante aprovado.
A vacina contra o coronavírus destinada a crianças não é igual à que tem sido desenvolvida para aplicação em adultos.
O imunizante aprovado há um mês para crianças de 5 a 11 anos apresenta diferenças na apresentação (o frasco da vacina para crianças vem em frascos na cor laranja para evitar confusão com as vacinas adultas —de embalagem azul), dosagem, composição e concentração de RNA mensageiro, o principal componente.
A dose pediátrica equivale a um terço da que é administrada em pessoas com 12 anos ou mais. A secretaria de Saúde da Paraíba informou que as crianças vacinadas apresentaram reações leves, como febre e dor no local da injeção.
As primeiras doses da vacina para esse público começaram a chegar aos Estados na sexta. O Ministério da Saúde liberou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos em 6 de janeiro. O imunizante usado foi desenvolvido pela Pfizer, único autorizado pela Anvisa para essa faixa etária até o momento.
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