Procurador pró-Moro do TCU tenta negar relação com ex-juiz

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Foto: Nelson Almeida/AFP

Sorteado para relatar o processo que trata do contrato entre o presidenciável Sergio Moro e uma consultoria americana, o procurador Julio Marcelo de Oliveira, do Tribunal de Contas da União (TCU), admite ser admirador do ex-juiz, mas garante que está apto para atuar no caso.

Um pedido de suspeição de Oliveira foi encaminhado ao vice-presidente do TCU, Bruno Dantas, pelo procurador Lucas Furtado, que foi o responsável pela representação que deu origem ao processo de auditoria. Ele alega que o colega mantém relações de amizade com Moro.

Dantas pediu, então, para que Oliveira se manifestasse sobre o pedido de suspeição. Em parecer, o procurador se disse “perplexo” e garantiu que não mantém qualquer relação com Moro, apesar de reconhecer a admiração pelo trabalho do ex-juiz “no combate à corrupção”.

Segundo Oliveira, postagens feitas em redes sociais com manifestações de apreço a Moro não podem ser consideradas por Dantas como prova de amizade e consequente suspeição. Ele ainda acusou o ministro de trabalhar pela eleição do ex-presidente Lula e por uma futura indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Por essa razão, afirma o procurador, Dantas também deveria se declarar suspeito para atuar no processo. Oliveira baseou sua argumentação no fato de o ministro do TCU ter participado de um jantar com advogados que seriam contrários à Lava-Jato e partidários de Lula.

“Se, por absurdo, for possível extrair de postagens antigas e esporádicas a gravosa conclusão de suspeição de um membro do Ministério Público, o que dizer, então, da situação do relator que participa de um jantar de natureza político-partidária, cujas personagens guardam relação de antagonismo político atual com o investigado em processo por ele relatado?”, desafiou Oliveira.

Uma eventual suspeição do procurador, no entanto, teria que ser aprovada pela maioria do plenário do TCU, e não determinada unilateralmente por Dantas.

A investigação sobre a atuação de Moro no setor privado abriu um batalha interna no TCU. Recentemente, Furtado também pediu cautelarmente o bloqueio dos bens do ex-juiz, a fim de apurar eventual sonegação fiscal. Dantas ainda não tomou decisão sobre esse pedido.

Quando procurado, Moro tem dito que Furtado abusa de suas funções e atua de forma política no caso. A polêmica, no entanto, forçou o ex-juiz a abrir os valores do contrato com a empresa, da qual recebeu R$ 3,7 milhões em pouco menos de um ano.

Valor Econômico