“Triângulo das Bermudas” é objeto do desejo de presidenciáveis

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Foto: Ricardo Stuckert

À medida que avançam as pré-campanhas à Presidência da República, equipes e candidatos traçam as estratégias para abocanhar o eixo eleitoral composto por São Paulo (33,5 milhões de eleitores), Minas Gerais (15 milhões) e Rio de Janeiro (12,5 milhões). Juntos, esses estados somam 61 milhões de pessoas, ou 41,2% do total de votos em um pleito nacional, segundo os dados dos tribunais regionais eleitorais (TREs) dos estados e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2020.

Quem não vencer nesse triângulo, dificilmente ganhará a corrida presidencial. De acordo com Rodolfo Tamanaha, professor de ciência política do Ibmec de Brasília, por ser o Sudeste a região mais rica do país, tem uma relevância eleitoral igualmente maior. Para aqueles que almejam a cadeira no Palácio do Planalto, o impacto desse palanque é crucial.

Tamanaha destacou que para além do Sudeste, o presidente Jair Bolsonaro também busca aproximação com o Nordeste, região conhecida pela influência petista. “Bolsonaro arrisca. Sul e Sudeste são suas bases eleitorais mais fortes. Percebemos, hoje, que ele não pode abrir mão de buscar votos em regiões que não são aderentes à sua figura. Mas devido às peculiaridades da região, o eleitor do Nordeste provavelmente vai eleger aquele que consiga trazer à sua vida um poder de consumo maior”, explicou.

Leandro Consentino, cientista político do Insper, concorda com a importância do Nordeste, apesar de o Sudeste apresentar números maiores. “É o segundo em peso eleitoral (em torno de 34 milhões), então também recebe uma atenção importante”, observou.

Por causa disso, o PT tenta arrancar na frente fechando palanques fortes no Sudeste. De acordo com o secretário de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, são intensas as negociões em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Se Fernando Haddad é oficialmente o candidato da legenda ao Palácio dos Bandeirantes, para o Palácio Tiradentes o partido pode fechar o apoio ao prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD). No Rio, o cenário aponta para dois palanques: o de Marcelo Freixo (PSB) e o do grupo do prefeito Eduardo Paes (PSD), que deve indicar o ex-presidente da OAB-RJ Felipe Santa Cruz.

No caso do Podemos, um interlocutor do pré-candidato Sergio Moro disse que o partido espera o fim da janela partidária e das federações para iniciar a campanha ostensiva pelos palanques regionais. Segundo ele, o ex-juiz tem concentrado suas energias em São Paulo, onde já possui base, deixando em segundo plano Rio e Minas. “É o estado mais populoso e Moro viaja muito para lá. Inclusive, é a sede do Podemos”, afirmou.

Em relação à senadora Simone Tebet (MDB-MS), um interlocutor da pré-candidata disse que ela está com boa presença em São Paulo. Lá, o partido oferecerá o candidato a vice-governador, que deve integrar uma chapa com Rodrigo Garcia, aliado de João Doria, pré-candidato do PSDB. Em Minas, a sigla terá candidatura própria, a do senador Carlos Viana.

Para a equipe de Doria, a campanha não distingue regiões. “Nesse sentido, eleitores de todas as regiões precisam ser ouvidos”. Uma preocupação dos tucanos é que, em 2018, os 21% de abstenções nas eleições sinalizaram a falta de identificação dos eleitores com os candidatos. O partido trabalha para que isso não se repita em outubro, “pois interfere no processo democrático”.

Procurados, os comandos das campanhas de Bolsonaro (PL) e de Ciro Gomes (PDT) não responderam ao Correio.

Correio Braziliense