72% acham que inflação seguirá subindo

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Foto: Clauber Cleber Caetano/Presidência da República

Nova pesquisa Ipespe, divulgada nesta sexta (11), aponta que 72% da população acreditam que os preços dos produtos continuarão subindo nos próximos meses, frente a 63% que apostavam na mesma coisa um mês atrás. Desse total, os que creem que a inflação aumentará muito foi de 21% para 27% em um mês. Mais do que os índices de seus adversários, são esses números que tiram o sono de Jair Bolsonaro.

E eles poderiam ser ainda piores, uma vez que o levantamento foi feito antes de a Petrobras divulgar o novo aumento no preço da gasolina (18,77%), do diesel (24,9%) e do gás de cozinha (16%) nas distribuidoras – o que já está sendo repassado aos consumidores nos postos de combustível. E, também nesta sexta, o IBGE divulgou que o IPCA, a inflação oficial do país, subiu 10,54% nos últimos 12 meses.

Inflação corrói o poder de compra dos trabalhadores, que já estão amargando uma queda de 11% em sua renda média, de acordo com o IBGE, e reduz o impacto dos R$ 400 pagos do Auxílio Brasil – a recauchutagem bolsonarista do Bolsa Família.

Se o aumento no preço dos combustíveis pode gerar insatisfação na classe média alta, provoca indignação na classe baixa e média baixa, que depende do carro para trabalhar. Sim, existe um mundo entre os muitos ricos e os muito pobres no Brasil muitas vezes ignorado pelos analistas, que não sabem o que é um congestionamento na Estrada do M’Boi Mirim. Isso sem contar no impacto do aumento geral do custo de vida, principalmente nos alimentos, decorrente da alta dos combustíveis, que afeta a classe média e os pobres.

A expectativa de endividamento para os próximos seis meses também cresceu, segundo a Ipespe. Se em fevereiro, 30% apostavam que ela iria subir, agora são 33%. Enquanto isso, a quantidade dos que acreditavam que ficaria como está passou de 36% para 33%. Os que acham que tudo permanece como está ficou estável em 23%.

Dessa forma, a pesquisa Ipespe trouxe traz boas e más notícias para o presidente Jair Bolsonaro. Se por um lado continuam melhorando, lentamente, suas intenções de voto, reduzindo a vantagem do ex-presidente Lula e mantendo a terceira via estagnada, por outro vê a população pessimista quanto à alta da inflação. Sua intenção de voto espontânea (quando não são apresentados os nomes dos candidatos) continua subindo devagar.

Em janeiro, Lula marcava 35% e Bolsonaro, 23%. Agora, os índices estão em 36% a 26%. Isso demonstra um voto mais consolidado. Na votação estimulada, a intenção passou de 44% a 24% a favor do petista, em janeiro, para 43% a 28% agora, em fevereiro, ou seja, acima da margem de erro de 3,2 pontos percentuais.

A terceira via continua não chegando aos dois dígitos, com Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) empatando em 8%. O crescimento da aprovação do presidente pode ter vários responsáveis. Primeiro, ele está em campanha aberta pelo país, trocando as obrigações do cargo pela participação em comícios e motociatas, com tudo pago pelos contribuintes. Ao mesmo tempo, o temor da pandemia caiu significativamente com o avanço da vacinação de adultos e crianças, por mais que o próprio Jair tenha sabotado o processo, e com a diminuição da onda da variante ômicron.

De acordo com a pesquisa Ipespe, se em janeiro, 36% estavam com muito medo do coronavírus e 28% sem medo algum, agora 15% estão com muito medo e 48% sem medo algum. Isso faz com que a vida vá voltando ao normal, o que reduz a pressão sobre a (má) gestão da crise pelo presidente. Em janeiro, 57% consideravam-na ruim e péssima e 20%, ótima e boa.

Agora, a avaliação está em 54% a 28%, ainda desvaforável a Bolsonaro. Há um terceiro aspecto, não medido por esta edição da pesquisa Ipespe, que é o tamanho da influência do Auxílio Brasil, que começou no final do ano. Tomando como base o que ocorreu com o Auxílio Emergencial, em 2020, o impacto eleitoral se faz sentir alguns meses após o início do pagamento.

A questão é que, ao que tudo indica, para fazer uma grande diferença eleitoral, o valor teria que ser maior, considerando o galope da inflação. Pois, com o litro da gasolina a R$ 7, Bolsonaro não irá muito longe com os R$ 400 do benefício.

Uol