
Boulos pode disputar cadeira na Câmara dos Deputados
Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
A pressão para que o líder sem-teto Guilherme Boulos desista da candidatura ao governo de São Paulo pelo PSOL para apoiar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) tem crescido nas últimas semanas. Alguns petistas alimentam a expectativa de que ele sacramente a sua saída da corrida eleitoral até o começo de abril.
Lideranças do PSOL, porém, negam que Boulos bateu o martelo sobre a decisão de não concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. O líder sem-teto tem mantido a agenda de pré-candidato a governador, com viagens e encontros pelo estado. Há uma avaliação de que o partido ficaria fragilizado se abrisse mão da eleição no maior estado do país, uma vez que já não terá candidato à Presidência.
Se optar por deixar a disputa, Boulos poderia concorrer a deputado federal para se tornar um puxador de votos da federação partidária que deve ser criada entre PSOL e Rede. A candidatura ajudaria a federação a superar a cláusula de barreira.
Também haveria por parte dos petistas um compromisso de apoio a Boulos na eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. No ano passado, o líder sem-teto chegou ao segundo turno na capital paulista e obteve 2,2 milhões de votos.
No PT de São Paulo, o plano é definir o apoio de Boulos a Haddad antes do evento, previsto para acontecer no início de abril, de lançamento da pré-candidatura de Lula à Presidência. A ideia seria que o ato também servisse para lançar o ex-prefeito como indicado ao governo paulista com apoio de toda a esquerda.
Indagada ontem se ainda conta com o apoio do PSOL ao PT em São Paulo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann afirmou:
— Espero que sim e acho importante que o PSOL esteja junto na composição.
Na véspera, Gleisi se reuniu, em Brasília, com Boulos e o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros. A dirigente disse, porém, que a eleição paulista não foi tratada na conversa.
O encontro teve como objetivo que o PSOL apresentasse as propostas que devem ser incorporadas ao programa de governo de Lula para declarar apoio ao ex-presidente. Entre as reivindicações, está o compromisso com a revogação do teto de gastos e das reformas trabalhistas e da Previdência. O PSOL quer ainda a adoção de medidas de combate à crise climática e adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A direção do PT considera que há convergência nas propostas e a expectativa é que a aliança em torno de Lula seja concretizada.