Conselhos para Lula se ele quiser se eleger

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Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Lula, pelo amor de Deus, não diga que quer rever a reforma trabalhista aprovada no governo do presidente Michel Temer, se não a Faria Lima não votará em você. Nem diga que dará um jeito de baixar o preço dos combustíveis porque se não ela não vota mesmo, embora Bolsonaro também queira baixar e nem por isso, à falta de alguém da terceira via, a Faria Lima deixará de apoiá-lo.

Não diga que “o papel dos militares não é o de ficar puxando saco dos Bolsonaro” ou do seu por que eles são “uma instituição do povo para defender o povo de inimigos externos”. É para isso que eles de fato deveriam servir, mas serviram no passado recente para dar golpes sempre em nome da defesa da democracia, ajudaram Bolsonaro a se eleger e o ajudarão a se reeleger.

Não fale que Bolsonaro errou ao facilitar a compra de armas, e que o crime organizado está feliz com ele. Os colecionadores de armas são milhões no país e, no entanto, também estão felizes, assim como os fazendeiros assombrados com invasões de suas terras pelo hoje pacato MST, garimpeiros de olho em reservas indígenas, e os que simplesmente querem fazer justiça com as próprias mãos.

Você, Lula, arrisca-se a ser derrotado se não resistir à tentação de, vez por outra, dar uma estocada em seus adversários, como fez, ontem, com Ciro Gomes. Verdade que dia sim, outro também, Ciro o chama de ladrão, e sem citar o nome dele, você disse apenas que se perder não poderá viajar a Paris, nem a Madri, nem a Londres porque não sabe falar francês, espanhol ou inglês. Vá estudar.

Bolsonaro só se refere a você como “o ladrão de 9 dedos”, sem mencionar que o décimo foi perdido em um acidente de trabalho. Cadê sua grandeza para perdoar? Por que devolver o insulto chamando-o de fascista, boçal, ignorante? A única ocasião em que Jesus apelou para a violência foi quando expulsou os vendilhões do templo. Nas demais, ofereceu a outra face para apanhar.

Tenha cuidado para não pedir votos antes da data permitida pela Justiça. Bolsonaro pede, está em campanha por todo o país com as despesas pagas com dinheiro público, mas ele pode, ou a Justiça faz questão de não ver. Você não pode. Tire do pulso o relógio que ganhou de presente à época em que governava, ou dirão que você o roubou ou que não poderia tê-lo recebido. Já dizem nas redes.

E onde se viu admitir fazer alianças com partidos do Centrão para governar? Se gritar “ficar Centrão, não fica um, meu irmão”, cantou o general Augusto Heleno, capacho de Bolsonaro, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, cuja única falha até agora foi deixar embarcar no avião presidencial com destino à Europa um militar da FAB com a mala entupida de cocaína.

O general reconciliou-se com o Centrão; Bolsonaro, que fingia ser contra a roubalheira, acabou com a Lava Jato; parte do Centrão governou com Fernando Henrique Cardoso, o Príncipe dos sociólogos brasileiros com licença de Gilberto Freyre e de outros, e isso não provocou estranheza; mas você não pode. Você já governou com o Centrão e viu no que deu.

Então, limite-se a recordar que os pobres se deram bem nos seus dois mandatos, mas nem tanto com Dilma. E reze para que eles não o abandonem em troca de auxílios eleitoreiros, de pedaladas fiscais proibidas só a Dilma, e de esmolas via emendas parlamentares à parte secreta do Orçamento da União. Cuide-se porque, em último caso, sempre haverá a ameaça de golpe.

Por fim, não esqueça: o semipresidencialismo está sendo gestado se apesar de tudo você for eleito.

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