Fake news contra Lula explodem no WhatsApp

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Foto: iStock

Um áudio imita a voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como se estivesse irritado com supostas revelações do ex-ministro Antônio Palocci no Jornal Nacional. Um vídeo adulterado mostra um show sertanejo com gritos de “Fora Bolsonaro” em Lisboa. A propaganda oficial do PTB diz que a esquerda defenderá a pedofilia como uma “opção sexual”. Todos os casos mostram informações falsas que ganharam ampla repercussão na última semana e, a sete meses das eleições, dão uma dimensão do papel que as fake news devem ter na campanha eleitoral.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem firmado parcerias com empresas de tecnologia com a intenção de combater fake news em tempo real (ao menos 72 entidades já aderiram ao programa de enfrentamento à desinformação do tribunal). A previsão é que as plataformas colaborem para identificar material enganoso e tirar do ar. Nas redes sociais, no entanto, já há sinais de que a campanha de desinformação está se intensificando. Há também uma preocupação em especial com o aplicativo Telegram, que não tem respondido às tentativas do TSE de estabelecer um diálogo — o presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, enviou nesta quarta-feira, 9, um novo ofício à empresa pedindo colaboração.

As campanhas também têm redobrado a atenção para o tema. Nos últimos três dias, o site oficial do ex-presidente Lula já publicou ao menos três desmentidos de informações que circulam nas redes. A página tem uma seção destinada a rebater o que o partido considera fake news.

Ainda sem resposta oficial da equipe, um áudio vem circulando com força em grupos bolsonaristas com o título “Áudio Bomba”. Com uma imitação pouco convincente do ex-presidente, a gravação simula a reação de Lula à notícia da delação do ex-ministro Antônio Palocci, com palavrões e a a cobrança para que alguém “dê um jeito” no ex-auxiliar. A gravação começou a circular em 2017, quando Palocci nem tinha fechado a delação, também ganhou força em 2019 e a agora volta a circular. Ela é acompanhada de uma montagem que contém uma foto do ex-presidente e uma promessa: “para quem tem dúvidas se o Lula é culpado de todos os processos, esse áudio vai tirar suas dúvidas”.

No início da semana, o vídeo do cantor sertanejo Gusttavo Lima também teve o áudio manipulado para incluir gritos de “Fora Bolsonaro”. O próprio artista desmentiu a informação de que seu show teria se transformado em ato político. Há fake news também para tentar ajudar o candidato. Como mostrou o Radar, nos últimos dias, as redes bolsonaristas foram inundadas de mensagens sobre o risco de Bolsonaro sofrer um novo atentado. Em um vídeo de uma motociata em São Paulo, um homem numa moto tenta furar o bloqueio de seguranças para se aproximar do presidente.

O texto sobre o episódio diz que o motoqueiro foi preso com um objeto perfurante. A verdade, no entanto, é que ele era mais um apoiador de Bolsonaro. A narrativa do novo atentado, no entanto, vem ganhado espaço nas redes. Na semana passada, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina suspendeu uma propaganda do deputado estadual Kennedy Nunes, que é presidente do diretório local do PTB. No vídeo, ele alega que partidos de esquerda fariam uma defesa da pedofilia, sob o argumento de que trata-se de uma “doença” e uma “opção sexual” — o que não é verdade. A propaganda mentirosa foi ao ar na quarta-feira passada, dia 2, e o PSOL entrou com uma liminar na Justiça Eleitoral, que foi aceita.

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